terça-feira, 22 de março de 2011

O clube dos Um

Outra marca nojenta que o futebol covardista nos concebeu foi a formação de um clubinho, seleto e milionário, onde seus sócios podem ser felizes e estúpidos, sem qualquer risco de falência, fracasso ou, se quer, um mal estar. Um bom exemplo é o jogador Anelka: ele sai do Chelsea, vai pro Bayern Munich; sai deste e, de repente, já está no Real Madrid e de lá, depois de uns dois anos, voa para a Juventus... e assim continua, viajando pelo (também) clubinho dos clubes poderosos, jogando o mesmo futebol burocrático de sempre. Vale a pena deixar registrado que isso vem de encontro (e não por coincidência e, sim, consequência) com a morte do antes espetacular Campeonato Europeu de clubes (que, de fato, era um torneio de "Champions", e nada mais). O que sobrou dele foi exatamente uma idéia que começara a percorrer as línguas afiadas da televisão, por volta de 1993, ou seja, a de uma liga - separada e independente da saudosa e decente versão - onde os clubes poderosos estariam presentes e se "livrariam"das "garras sujas"da UEFA. Ora, essa! O que fizeram nesses anos foi exatamente garantir a constante presença das marcas importantes do Velho Continente na vitrine do mercado da bola. Fizeram a nova copa atropelando a antiga e enganaram (e ainda o fazem, visto a audiência do mesmo) o público chamando-a de Champions League, numa absurda contradição, já que até quatro, ou cinco, times do mesmo país estão presentes numa mesma edição. O poder da competição, antes depositado na força em campo (onde Steuas e Estrelas se sagravam campeões pela raça), hoje mora na balança comercial. Lamentável.

Voltando aos jogadores, me deparo hoje com mais uma pseudo-entrevista do pseudo-treinador da pseudo-seleção nikerinho (esse apelido não tem nada de pseudo, infelizmente) - que se prepara para mais um amistoso na sua nova casa, Londres, que tagarela o idioma da matriz e bem longe dos desdentados e mal-educados torcedores brasileiros. Confesso que só me arrisquei a ler pelo título (veja no fim desta publicação) mas, muito brevemente, as coisas voltaram a significar o nada, que engoliu tudo no futebol. Quem seriam as novidades da seleção do Brow Menezes? Lucas, Ganso e Neymar! Faz-me-rir! Renovação interna apenas, sempre com os de dentro do "clubinho dos mesmos". Essa máxima que vai deixar o futebol cada vez menos diversificado, com menos clubes (marcas), jogadores (produtos), porém cada vez mais torcidas (consumidores). Aliás, a Libertadores corre, a passos largos, para a mesma configuração sem graça e rentosa do Velho espelho europeu. O Brasileirasso idem: serão sempre os mesmos times e jogadores a se destacar e, se por milagre, algum novo aparecer, logo será tragado por esta força magnética, cheirando a "verdinhas", para então ganhar a velha nova cara de sempre. O tal de Eder Luis, masturbado na ridícula festinha de fim de ano da CBF, mal conseguia ficar de pé no primeiro jogo do Vasco da Gama este ano. Constrangedor. Esse talvez não consiga entrar no clube, tadinho. Quem vai comprar a camiseta dele, afinal, se o player não consegue manter o nível de enganação que cozinharam para ele? Sem problemas. A máquina santista está aí, e dela, certamente, sairão muitos bonequinhos, prontos para se ajoelharem para qualquer um que lhes garanta um "futuro melhor". E você, hincha de Brasil, se prepare: a volta de Southern Ronaldo já está mesmo concretizada - claro que independente de seu futebol. Essa notícia eu simplesmente adorei desde seu início, quando o tal de Messi fodeu a nikerinho ano passado. Não vejo a hora de me deparar com outro sorriso derrotado, cheio de dentes deste grande gerente do clube. Um clube inteligente, sem dúvidas, do ponto de vista financeiro: melhor cuidar de dois clientes com bilhões na conta, do que mil com 1 realzinho nela, concordam? É o mesmo princípio que fez com que o "país do futebol" ficasse a mercê de uma só emissora de televisão (quem advinhar qual ganha um doce do titio aqui) para assistir a Copa do Mundo. Seduz, controla e gira capital e as novas e ocas emoções. Assim segue o futebol.

http://www1.folha.uol.com.br/esporte/892050-precisamos-achar-mais-protagonistas-para-a-selecao-diz-mano.shtml

segunda-feira, 21 de março de 2011

Das tripas, cifrão


Analisando o Brasil no cenário futebolístico, sabe-se que existem milhares de jogadores (os que se profissionalizam e os que, por diversos motivos, não o fazem) notas dez, outros milhares nota nove, outros oito e assim por diante. E que não há uma nota única e imutável pra cada jogador. Pelo contrário: hoje você pode jogar um futebol nota dez (o que deve garantir sua convocação ou, no mínimo, uma excelente posição no seu clube e questionamentos pela sua ausência), mas amanhã não passa de sete e meio (deixando-o fora do próximo selecionado). E também sabe-se que todo e qualquer selecionado de futebol é formado pelos melhores entre os demais. Por isso, também, tornava-se tão importante, empolgante e disputada uma batalha entre selecionados futebolísticos. A "fila andava", o nível seguia forte e o prazer alimentado. Ao tomar contato com a (mais recente!) sessão de fotos de Neymar pra seleção nikerinho surgiram-me revelações (que não são novas na essência, mas que se renovam com mais intensidade a cada nova jornada): quando uma figura sempre nota dez de audiência e vendas, como Neymar, vai ficar de fora do selecionado, mesmo que apresente um futebol nota sete e meio durante determinado período? O que passa a significar a camisa da seleção quando é preenchida por estas vias? O que será do futuro dos demais jogadores, que terão que se ajoelhar pra constante (e nem sempre justificada) presença dos mesmos rostos, todas as convocações vigentes, ou então se ajoelhar pros senhores que constroem esta lucrativa dicotomia para estarem no lugar dos mesmos? E as questões só começam aí a irromper a alma inconformada que sinto sangrar. A “fila parou”, o futebol também e nós seguimos vivos. Até quando?

Para Bruno Surfistinha: tu és guerreiro, não se culpe, cabeça erguida.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Daily uma Porrada – Futebol Idiota – edição #3

*Ronaldo Gaúcho não está mais acompanhado de seguranças apenas no caminho entre o treino e sua casa, a casa e o estúdio do Galvão e de lá a outros puteiros. Ele está saindo de campo (!) dessa maneira. Quando vi a cena, voltei ao Egito de dez mil anos atrás. Mas este não passa de um fóssil ignóbil dos faraós. Já falamos por aqui da paranóia geral que o futebol moderno instalou no jogo. O segundo gol do Flamengo contra o Fortaleza acelerou-me este sintoma. Não havia impedimento, certo. Mas me pergunto se seria anotado se fosse pro lado contrário; se houvesse mesmo impedimento, seria marcado? Parece que a tendência dos anos recentes vai confirmar o que venho praguejando à todos desde que o Dentuço da Humildade chegou: essa Copa do Brasil já está com o nome do time de Zico escrito na taça. Aliás, para isso tem servido essa merda de competição: levantar Ronaldo ($), depois Robinho ($), e assim caminhamos. Vacinado desde a pútrida eleição de Collor, em 1989, fiquei maluco. Tinha certeza que havia impedimento; é a doença em mim gritando desespero – “a câmera do impedimento sumiu, porra!”. Alertar a esta tática pode parecer teoria da conspiração, mas quem não se lembra do episódio da sambadinha ridícula e errônea de Robinho, contra o Ecuador no Maracanã (no jogo “sem palavrões”), e como a Globo escondeu a câmera que mostrava o cruzamento torto do mesmo, que por um desvio resultou em um gol exaltado como obra de um deus? No telejornal da noite, a mesma câmera voltara pra repetição do terceiro gol. “Socorro!”. O que entope, vaza. Assim funcionam aqueles que chamam Hugo Chavéz de ditador, controlador, manipulador e divulga vídeos caseiros de crianças brasileiras dizendo ao Obama Sin Dale: “we love you, Mr. President!”. Faz-me-rir, puta da CIA! Gobbles aplaude; o futebol (como a vida fora dele), uma vez mais, chora.

*Como defendi aqui a Libertadores, devo registrar que o fiz pela loucura em campo e, principalmente, nas bancadas. E nada mais! O nível dos jogos (incluso estes insanos) continua, claro, um lixo. Lamentável, porque vejo raríssimos craques de bola, novos Bochinis, Morenas e Portaluppis. As exceções me agradam pelo tosco mesmo, pela ausência da frescura, pelos novos Luganos, Gamboas e De Leons. A regra continua sendo a dos passes errados em profusão, cartões que punem assopros e das constantes cenas grotescas, que nos envergonham, mas fazem a alegria da FIFA, das federações e das corporações. Só que a Libertadores carrega em si almas pesadas. Lembram da dancinha do goleiro Fernando Henrique, em 2008, que terminara em choro minutos depois? Jogos com Peñarol, Nacional, Grêmio, Colo-Colo, Independiente, Cerro Porteño vêm carregados de energias que esmagam as papagaiadas que os de Santander cozinham. Quando Gallego, técnico do Colo-Colo, respondeu que não conhecia o Ganso, ele não estava “provocando o Santos”, como afirmou Thiaguinho Leiffert (o bobo da corte, transvestido de jornalista). Ele estava honrando a Copa, seu time, sua torcida, a si mesmo. Que me importa responder perguntinhas de celebridades adversárias numa guerra onde só um vai triunfar? Acham mesmo que um técnico experiente, ex-jogador campeão de Copa do Mundo, não conhece o Ganso, ou qualquer outro adversário? Ele estava “milongando”, como fez aos 43 minutos do segundo tempo, quando gritou pro seu elenco, vitorioso: “um minuto!”. No futebol, quem manja, manja; quem não o faz, tem mais é que se assustar com carrinhos, pedir cartão a cada um deles e ficar de quatro pra ignorância protegida. E isso, lembro, na Libertadores! No avanço gradual e suave da nova ordem, a mídia não conquistou a Copa com sangue, suor e lágrimas. Por exemplo: em 1995, ninguém era imbecil de reclamar ou repudiar a violência, nem havia porquês; por volta de 2000, começaram a se aventurar pelo caminho sedutor, a mudar padrões, como acontecia com o futebol em todo lugar do globo; hoje, podem falar e fazer o que lhes dá na telha (melhor, nos cofres), já que a cartilha dessa nova ordem manda e desmanda no jogo, não é uma opção, e sim a única. Ditadura futebolística. Novamente, Gobbles aplaude, nos fazemos caras de bestas frente a este declínio aplaudido.


*Alguém ai se lembra da semifinal do Mentirão de 2001, entre São Caetano e Galo Mineiro? Não havia campo, e sim uma piscina em Campanella. Muito mais grave do que o campo do Uberaba no match contra o Palmeiras, que fez os “especialistas” da Globo se revoltarem, no melhor estilo “caos aéreo”. Naquele místico 2001, a emissora multinacional norte-americana já era proprietária do torneio. E apesar do alagamento em campo, o “jogo” teve de acontecer, porque os de Marinho não tinham mais datas, preenchidas com especiais de Natal, shows da Xuxa, Roberto Carlos – e ninguém se “revoltou”. E agora, como se não bastasse a ridícula e anti desportiva “rodada dos clássicos”, a CBF a direcionou para a ultima rodada, a fim de evitar o “entrega-entrega”. Um torneio assim não passa daquela picardia do tio fanfarrão, que se veste de Papai Noel para alegrar os pimpolhos com presentes: para uns e o Paraíso; para outros não faz a menor diferença, arranca um leve sorriso, uma lágrima, e o tempo segue impiedoso, marchando contra si mesmo. Pais do futebol hipócrita!


*Tenho saudades de quando acompanhava, de boca aberta, os torneios europeus. Hoje, as imagens transparecem um shopping, um videogame, uma sinuca que se joga com a parte de trás do taco e bolas de mesma cor: o jogo, fisicamente, esta ali; o sentido e a alma estão mortinhos. Quem ainda não acordou vai sofrer muitas decepções. “Tem, mas acabou”, como diria meu sábio amigo Marquinhos.


*Atenção: há jogadores trocando de camisas, sorridentes, após o apito final de jogos em que seu time acaba eliminado. É mole?


*Falando em pseudo-futebol, a tal Arena Barueri é um belo exemplo de pseudo competência, modernidade e realização. Infelizmente, já visitei duas vezes esse barraco da bola. Na primeira, o funcionário avisou que a entrada era do outro lado e que nós mesmos podíamos, como um padeiro abrindo seu comércio, levantar a porta de ferro para entrar na cancha. Ontém, venderam ingressos pro setor errado, uma baita confusão. E o ouro brilhava nas cabines cegas da televisão. A mentira sempre cai. Hasta!


ODIO ETERNO AO FUTEBOL MODERNO, PORRA!

terça-feira, 15 de março de 2011

Yo con Amacu, Nori e Shankly no disco voador




Novamente. Gira a roda. Sobe e desce. Permanece. Estive viajando por outras galáxias e resolvi visitar os bons e velhos vermes da Terra. Os ditadores vão caindo. Ótimo. Espero que o que vier pela frente honre esse sangue derramado com amor e ódio. E curioso constatar que na Bolívia, Venezuela e Cuba, nações em regime de ditaduras horríveis, segundo a mídia, o povo não se inspirou com essa seqüência libertária. Gostaria de ouvir a opinião dos “especialistas” a respeito. E continuam a profetizar o fim do mundo, sem qualquer esforço de corrigi-lo, remediá-lo. A vida continua como um trêm mal “governado”.


Agora, modificaram o eixo da Terra (sem feios na sua maldade) e o maquinista deve ter a ver com o terrível terremoto. Antes, refresquemos a memória. Há uns 70, os Estados Unidos (esse mesmo, do Obama carioca) lançavam duas bombas atômicas sobre cidades japonesas, criando centenas de World Trade Centers em segundos. O ápice da negação. O pior pesadelo de gerações desde então. O pior atentado terrorista da história? Eu acredito num pior ainda. A televisão avisa que, graças a relações amistosas entre governos e exércitos dos dois países, o envio de três navios norte-americanos (um deles, um baita porta-aviões de nome Ronald Reagan – chique, não?) faz parte da ajuda ao governo japonês nesta catástrofe. Como assim? O que houve entre essas duas datas fatais? Tendo o Império Anglo-Americano conquistado o mundo (o sonho de todos os outros até então), sobram duas opções: resistir ou não. De Bruce Lee à Jaspion, a cultura sempre vai servir como uma arma perfeita, invisível, indolor - tudo se absorve, como todo bom veneno trabalha. O trêm econômico, que hoje regula as ações do mundo, completa seu percurso ao redor do globo, obrigando ao ser humano ficar de joelhos perante sua autoridade. A televisão impõe incessantemente: “Só quem estiver nele sobreviverá”. Você o perde uma vez; na terceira ou quarta sua resistência é vencida e você pula naquele monstro sem pestanejar. Os japoneses pularam nele faz muito tempo. Quando ouço esse discurso-feito sobre a “superação” japonesa fico constrangido. Não pelo povo japonês. Eles, sim, trabalharam (e ainda o fazem) como poucos - com organização, ímpeto e determinação admiráveis. Mas qual teria sido o futuro dessa nação, caso se opusesse àqueles que pulverizaram suas crianças? Até onde os guiaria sua verdadeira superação? Parece muito com o caso do balofo e bom pai Ronaldo Nazário. Claro que, após suas contusões graves, ele estava lá, exercitando seu corpo. Mas prefiro a opinião de La Brujita Verón: “quem se supera é o trabalhador, que acorda cedo, trabalha muito, ganha pouco e não sabe se vai acordar empregado no dia seguinte”. E com os privilégios que Ronaldo teve, dentro e fora de campo, essa teoria da superação morre de vez. No caso nipônico, o erro fica claro não nas marcas da fúria natural, e sim na conjuntura social miserável do sistema que tanto sua nação alimentou, seguindo o guia-mestre yankee. Não se trata de vingança, de outras guerras estúpidas. Mas dizer não à bomba atômica poderia fazer Nostradamus chorar. Seria dizer “não” à miséria, desigualdade, injustiça e trilhar outro caminho, diferente do que nos levou o Império: do consumismo, individualismo, da (essencialmente) eterna e virtual competição, celebridades, opiniões vazias, ou seja, o capitalismo como o câncer que o é no coração de uma raça humana faminta e cheia de tesão. Como gasolina no fogo. Vejo também como uma revolta das almas perdidas. O pior terremoto da terra dos terremotos. As águas, tão maltratadas pela lógica capitalista, varrem tudo pela frente. E devolvem à ilha do Sol Nascente, justamente, a bomba atômica. A televisão fala, fala, fala, inventa entrevistas, cria “slogans” e tudo vira um “show”. Quando uma equipe de televisão está presente numa cena de batalha, de rebeliões, algo está muito errado. Áreas seguras dentro do caos, controladas pelo coronelismo global. Como nas praças medievais, para todos verem, se acostumarem – só que no camarote da censura estava a Igreja Católica. Os castelos da Idade Média Moderna estão mais altos e elegantes. Mas a tirania continua alimentando os reis, agora cibernéticos e a miséria continua a compor suas obras. Jorra pelas vias de comunicação aquilo que transborda de sua existência. Defesa. Banalizar o medo me enche de pavor. O jornalismo, como o futebol, se afrouxou, perdeu cobrança, estacionou, entrou na dança da nova ordem, confiante e satisfeito. Os que antes apresentavam, informavam, hoje agem como bons amigos dos telespectadores, informal e animado. Parecem bestas falantes. Sujam o legado de homens sérios. Golpeiam a vida, sem dó.


No Brasil, bom e velhão de guerra, as águas também se rebelam, mas o que importa é outra coisa: a euforia pelo “crescimento” que não pára, pela língua podre da Rede Globo, e logo pelos seus cordeiros. A intrusa norte-americana da Time-Life e seus covardes e manipuladores tentáculos, gozando com a Copa, as Olimpíadas, com Galvão ou não, o “país do futebol” e o time do povo que hoje agradece quem não honrou sua camiseta. Tudo se perde, mas continua a se misturar. É assustador, devido à realidade antagônica ao que se transmite, mas a polícia virou alvo de elogios e suspiros na telinha. Anjos na Terra do Inferno. É todo dia, todo dia! O futebol virou caso de polícia. A polícia joga futebol, leva bancos do antigo Império às favelas, que continuam a crescer nesse país de pessoas numéricas. A televisão inventa regras e exceções. Defende seus interesses, que nunca coincidem com os do povo. A mídia não quer justiça social, quer controle. Mídia, como ela é, virou antônimo de vida. E tudo é batizado e santificado pela magia do plim, plim! Uma massa só. Um controle só. Mais fácil para as mãos de ferro da Tropa de Choque; mais barato no mercado financeiro. Bombas de gás para a revista Veja! aplaudir; direitos pilhados do lado de fora do trêm – onde nada mais parece ter sentido e a paixão jaz enterrada sob toneladas de mentiras sedutoras. Resistir dói e apaixona, igual a qualquer outra coisa por aqui. Não gostam de equilíbrio esses terráqueos. Gostam de extremos, para acalmar o desespero da vida estúpida que se apresenta, mas não se explica, a não ser pelo seu próprio pensamento e sentimento, que perderam valor para a posse de pedaços de plástico e ferro, chamados de bens. Lá embaixo, vejo um dentista de nome José Maria atendendo no edifício Maria José. NA Internazionale um japonês de nome Nagatomo enverga o que era de Klinsmann. Penso nos tornados, em Oklahoma e ouço índios ceifados urrando em loucura e êxtase. A seleção da Romênia, do mais famoso chupador de sangue, jogará amistosamente para celebrar a carreira do maior chupador de sangue do futebol. A condução pública da locomotiva brasileira piora e o seu preço sobe. Tudo gira e nada sai do lugar. Me voy, porque ficar por aqui cansa e demora a evoluir. Há muito mais para saber. Voltaremos, voltaremos!

quarta-feira, 9 de março de 2011

"Tempo, geometria e cores", disse o Bruxo...

Nem uma lesma no sal se arrastaria tão vagarosamente como faz o futebol modernista. Os jogadores vão ao chão; o arbitro pára mais uma vez o jogo; entra a maca motorizada (UÉÉÉ, UÉÉÉÉÉ!!!!); as marcas arrecadam lucro; a televisão promove seu showzinho patético. O jogo não anda, não sai do lugar... estéril, hermeticamente realizado em si mesmo, previsível e chato. Quando se praticava com paixão este desporto, fazer mais rápido era tão vital quanto fazer o próprio gol. Hoje, tanto faz, tanto fez... as cartas já estão marcadas e poucos se arriscam a contrariar o estabelecido comercial que continua empolgando os torcedores-consumidores de tudo, sem filtro e bom senso. Quem não parou no tempo, agoniza. Já estou farto de ver times sendo eliminados, nos minutos finais de jogo, enquanto seus "guerreiros" sequer demonstram vontade de superar o contrário - sendo que o futebol sempre exigiu um comportamente maluco nesses momentos, em que homens acabavam por se degladiar em campo, movidos pela responsabilidade de representar a camiseta, a torcida. Na vida, comprometimento é fruto de razão e paixão, atitude e mentalidade combinados. A mentalidade parou no tempo; a atitude é de marionete. Os gramados antes refletiam, através dos atos dos players, o sentimento de quem ali estava por amor (e não por dinheiro). O que sobrou dessa tormenta coorporativista que destruiu o futebol foi interpretacão, um pseudo jogo, de pseudos craques, pseudos gols feios e bonitos, pseudos jogos bons e ruins. Resumindo, o nada. Aproveitem o tal de youtube e façam um exercício de comparação entre o ritmo do jogo moderno para com os de outrora. Terrorismo futebolistico, de dar pena.


O desenho do jogo virou quadrado, quebrado, marcado, delimitado, regulado e chato. Os laterais fazem todos a mesma coisa (aqui ou na Europa; ganhando ou perdendo o jogo), os meias (que ainda sobraram) idem, assim como os avantes (filhotes ou não da regressão fenomenal que a jaqueta 9 sofreu). Na zaga, o negocio é isolar como faria um Ronaldão, mas sem esquecer-se de fazer pose para a foto. Da pra acreditar? Isolada com categoria! É como comer um biscoito com o cu e cagar com a boca. Onde estaria aquele jogo constante, alucinante, de perder o fôlego, de chutes, toques e fintas? Onde estaria a liberdade de se jogar futebol? Como pode-se supor, há as excessões, mas que se apresentam cada vez menos aos nossos olhos. Raramente um jogador passa pelo outro, e as infinitas e virtuais trocas de passes fazem do futebol hoje um jogo que, muitas vezes, fica tão chato quanto o beisebol - prática esportiva de geometria (e liberdade) obviamente limitada. Outra raridade é ver um marcador encostar no rival sem receber cartão - o que também carrega limites quanto ao desenho da atuacão dos players. Alias, estão destribuindo cartões e expulsando pessoas do campo por qualquer coisa. Futebol virou um museu de cera protegido pela Tropa de Choque do PSDB. A expulsão do jogador do Arsenal contra o Barcelona (musa dos alienados, mas que não me empolga como o Estrela Vermelha de 91) foi constrangedora. Mas ocorreu porque o árbitro, macaco de circo da nova FIFA S.A., mostrou o segundo cartão amarelo quando a bola foi chutada depois do jogo paralisado. Sem nenhuma briga, nenhuma bofetão, sem atmosfera amedrontadora (afinal, falamos aqui de espetáculos para a elite): um player é retirado de campo simplesmente porque não se adaptou, porque criou atrito entre a imagem que seduz e o lucro que apodrece a alma, desafiou o controle do jogo, movido por uma subconsciente cordenacão motora de chutar uma bola de couro. E o campo estava cheio de bolas ao seu redor - como vem acontecendo desde que Farah cuspiu mais essa idéia pro alto antes dela colar na testa da FIFA - tanto que uma delas chegou rapidinho ao mesmo local onde o árbitro ainda punia o "infrator". A expulsão que (no máximo) serviria para uma aula de educacão física infantil - onde se faz necessário o exemplo e o ensinamento, aprender, tomar contato, discernir entre o certo e o errado - foi transportada para a fase final do Campeonato Europeu de profissionais! Portanto, não chute mais a bola antes de pedir permissão, pois não há mais espaco pra livre arbítrio no futebol. Quando crianca, eu ia ao campo esperando ver carrinhos, choques... porrada mesmo! Como fazem os fanáticos do automobilismo, que esperam uma batida emocionante nas pistas. Estão sufocando o futebol, destruindo tudo aquilo de belo e forte que ele nos deu. Esse é o futebol mercantil, da Globo, dos super-stars balofos e mimados. Não é mais o jogo para quem nasceu para aquilo, e sim o jogo para quem se graduar e souber chupar sacos dos covardes manda-chuvas do nosso jogo lamacento.


Há cores inaceitáveis no futebol. Há cores que você não se importa de carregar na sua bermuda de praia, ou na fantasia do carnaval, mas nunca no futebol! Incomoda-me imaginar um concerto do Black Sabbath vestido de Restart, como tem sido os prélios de futebol modernos. O arco-íris das chuteiras dos “jogadores” de hoje não só ofende os amantes da bola, como caracteriza uma tremendo desrespeito a regra do jogo, que obriga aos players se apresentarem uniformizados – e não carregando cada um sua bandeira e sua cor na vitrine do ridículo. O uniforme totalmente enterrado com sua tradição e carregado de novas (e muito suspeitas) tendencias. Assisti a um teco de um jogo do América carioca e seu excrete parecia de alguma forma surreal em campo, todo de vermelho, cheio de patrocínios e sem nenhum craque de bola. E o America não é o Vila Nova, é o America, porra! E tem que continuar sendo! Quando toda a poeira baixar, poucos tons serão tão vitais quanto os mais simples e diretos.



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Milagre! Estou desfrutando vários jogos dessa Libertadores, ironicamente de posse hoje de um banco espanhol (o retorno de Pizarro!). O jogo esta melhorando? Nem de longe, amigos. Eu estou melhorando? Probabilidade baixíssima. Mas há uma coisa nessa Copa que me interessa bastante: a loucura. Aproveitemos enquanto é tempo. Boa passagem a todos. Nos vemos onde a geometria, o tempo e as cores farão sentido novamente. Morte ao futebol moderno!

Para Afonsinho... esse sabe das coisas.