quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Poucas coisas são mais ridículas...

...do que o suspense que esse Daniel Alves faz para bater suas faltas. Ele pára, respira fundo, observa lá e cá com olhares dignos de um Robocop, em fria, milimétrica busca das melhores opções para efetuar o levantamento; faz carranca de mau, calculada pose corporal e assume um ar de superioridade de quem realmente vai decidir a partida com tal lance (sempre em busca de uma câmera, lógico, este paradigma dos jogadores modernos, junto às famigeradas chuteiras coloridas) - para, na sequência, mandar a pelota em local quase sempre frustrante para quem fez tamanho alarde de suas capacidades com a bola parada. Mas, mesmo assim, com essa capacidade de sair do método mais arrojado de interpretação para a canastrice contumaz, ele sempre está por aí, nas convocações da seleção, assim como permanece no Barcelona, um dos gigantes do futebol planetário. Sinal dos tempos é isso aí: o que conta, hoje, não é a eficiência, é a imagem. Eis a prova, corporificada em um lateral-direito que sabe, como poucos, "representar" o ofício.

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Não só é triste uma seleção brasileira que ainda precise ($$$) de Ronaldinho Gaúcho (que nada fez, como já prevíamos) e Robinho (este, agora, promovido a "capitão") - triste (ou sintomático?) é também ver um Campeonato Brasileiro trazido de volta à vida graças a uma sequência de atuações desastrosas de juízes, estes promovidos a astros principais de uma competição tecnicamente moribunda (isso graças a um tema que eu gostaria de desenvolver mais para a frente, o da banalização dos pênaltis). E, favas contadas, os que tentaram levantar sua voz ante tal estado de coisas na grande imprensa já foram sumariamente calados, para que o status quo corrente de "certame bem disputado" não se alterasse. E tudo segue como dantes, no mundo das abobrinhas.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Estamos aqui pra isso

Veja aí, mais abaixo, nos posts recentes: Mano Menezes receberia logo a ordem para convocar Ronaldinho Gaúcho. Restaria ver se o alegre treineiro a acataria. O fez. Pode ser creditado como um dos mais covardes treinadores que já sentaram no banco para comandar o selecionado tupiniquim, e um dos que pode se servir com gosto da alcunha de "pau-mandado". Se o anterior conseguiu resistir à pressão, este não só a acatou, como o fez sorrindo. E planeja fazer mais, segundo declarou. Tanga-frouxa.

Dunga, como treinador, foi péssimo, não se pode negar. Com pouqíssimos recursos, daqueles que só sabem trocar seis por meia dúzia, entregue a uma assustadora hierarquia militar, e à panelinha que todo treinador faz uso (e, em seu caso, tendo colocado a seu serviço atletas de uma pobreza sem par), sua seleção, dentro de campo, não fará a menor falta. Agora, o que este homem fez fora de campo, ah, isso sim, será inesquecível, senhoras e senhores! Um sujeito, que deveria ser, na concepção dos donos do poder da CBF, um simples cumpridor de ordens, resolver peitar, sozinho e à revelia do sr. todo-poderoso Ricardo Teixeira, a Rede Globo de Televisão e a Nike, e por tabela a própria CBF, é coisa inacreditável até agora. Aliás, com o passar do tempo, e com o papelzinho ridículo e serviçal que gente como esse Menezes costuma fazer quando lá está, o que Dunga alcançou torna-se ainda mais surreal, coisa sem precedentes mesmo. Como uma pessoa com uma mentalidade à primeira vista tão reacionária pôde tocar um projeto revolucionário como esse, o de encarar de frente as duas corporações às quais a CBF mais abana o rabinho (petulância estratégica: na época de Copa, na qual era virtualmente intocável)? Tirem esse cara daí, antes que o estrago seja maior, e tragam alguém que faça subservientemente o nosso jogo, devem ter gritado os poderosos no ouvido de Teixeira - e aí veio Menezes, com a cartilha do bom menino embaixo do braço. Aliviados, todos deram as mãos - e agora comemoram esse ridículo retorno de Gaúcho, que nada vai acrescentar a não ser o brilho de seus avançadíssimos Nike Shox à transmissão global. Vai que é sua, Júlio César!

(PS: Toro já me adianta a letra: A Ronaldomania dá as caras novamente, e faz o Timão ressurgir das cinzas, para dar alento a esse morto "Brasileirão". O Cruzeiro recebeu seu recado: o assombroso pênalti dado ao São Paulo na quarta-feira mostra que tudo pode ser feito para que Andrés, o amigão da galera, comemore o tal "Centenário" numa boa, com ao menos um título. Veremos.)