Chavão, lugar-comum, frase batida... Tal ditado que entitula esse post é uma frase ainda mais surrada que as hoje em dia doentias "futebol é uma caixinha de surpresas", "tal jogador veio para somar", "placar elástico", e desgraças quetais. Mas não me foi possível evocar outra sentença, me desculpem. Assistindo ao canal ESPN ontem, repercutiam uma entrevista de Ronaldinho Gaúcho a um veículo francês (esse tipo de "bomba" dada por jogadores nativos de renome encontra duas válvulas de escape: Rede Globo, ou algum grande jornal/TV da Europa - lembra-se que Ronaldo preferia que seu filho fosse "europeu"? Pois é, complexo de vira-lata não se supera do dia pra noite), na qual ele dizia: "Nenhum jogador brasileiro jogou tanto quanto eu, na temporada passada". Arnaldo Ribeiro, tão querido por nós aqui do Antimídia, comentava. Primeiro, me diz que tal frase não combinava com Ronaldo Assis, "sempre tão humilde". Depois, diz que poderia listar "uns 20 jogadores brasileiros" que atuaram melhor que o 80 milanês em 2009/2010, e que, se quiser ser convocado novamente, ele precisa fazer um sequência de jogos "menos irregular" do que a passada. Me senti estranho. A cabeça voltou à tal temporada como em um furacão, e nem precisei vasculhar os arquivos desse blog para refrescar a memória, ainda quase lá: não foi nela que os articulistas insistiam que Ronaldinho debulhava tudo, jogo após jogo? Que ele havia recuperado a forma, que estava voando baixo, que massacrava sem pena os adversários, e que seria a única alternativa de brilho para a seleção de Dunga? Ora, fuçe você mesmo o arquivo deste sítio, para ver o que Toro e eu postamos desde o início do massacre midiático que visava mastigar todas as mentes, favorecer Ronaldo Gaúcho e interceder a favor de sua convocação: que, NÃO, o sujeito não estava jogando a bola que esses especialistas direcionados e parciais insistiam que ele vinha praticando. Por quê só agora, depois da Copa, sem o compromisso comercial da transmissão, o tal Arnaldo percebeu isso, e admitiu hipocritamente frente às câmeras, com ar blasé, sem autocrítica? Ou melhor: será que não existia essa consciência já naquele momento, e que alguma coisa (mais uma vez, sugiro que vá aos posts antigos, lá esmiuçávamos o quê poderia freá-los) o obrigava a dizer o contrário? Em quê vamos acreditar: em ingerência corporativista ou em 'delay' do articulista? Se escolher os dois, também não estará errado.
Talvez estimulado pela presença de Mano Menezes, que demonstrou nos primeiros jogos total disposição para fazer tudo o que lhe mandarem, Gaúcho já avisou ao treinador (e aos dirigentes da CBF, para que lhe passem a ordem): quer voltar ao time do Brasil, e planeja ainda jogar as Copas de 2014 (quando estará com 34 anos) e 2018 (com 38). Nesta bolha na qual vive um jogador multimilionário, tudo é possível: até mesmo crer que não será ultrapassado pelo tempo. Parece que a lição de 2010 não foi compreendida por Ronaldinho, que ainda se crê maior do que o seu futebol realmente o credencia (ou, vá lá, se você é daqueles que o compram como o "maior da década", não firamos sua aflorada sensibilidade, ao menos uma vez: digamos, então, que o seu "momento" o credencia - melhorou?). Se é levado a acalentar tais desejos pela máquina que o cerca (quem, já acostumado a viver como Deus por acreditar ser o próprio, deseja voltar a ser simples mortal?) ou se ele realmente bota fé que, aos 38 anos, ainda terá condições de estar em um certame mundial (sendo que aos 30 já foi cortado de um), é algo que não sabemos - mas a megalomania de sua frase, aquela que gerou a manchete do jornal francês, parece não ser obra do acaso, dessas sentenças pescadas por um jornalista astuto entre palavras perdidas ditas pelo entrevistado. Se o tempo traz a razão a alguns, a outros ele não parece tão benfazejo assim.
(E a 'Neymar situation' continua rendendo. Dia desses, se o assunto não me fizer devolver almoço ou janta, tento falar dele por aqui. O 'garoto de ouro' virou um habitué do Antimídia - e, se isso acontece, bom sinal não é...)
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