terça-feira, 13 de março de 2012

O mundo gira e a planta cresce

"Jogador (insira aqui o nome de qualquer um) é gênio!"

Assim funciona um dos dispositivos mais definidores da moderna assistência de futebol: a criação dos "craques". Mas esta, a um observador atento, é facilmente explicável. Tome um neófito, uma criança de 12, 13 anos, por exemplo: quando toma contato com times de uniformes cuidadosamente atraentes, com design arrojado, jogadores de moicanos e tatuagens (visual agressivo porém palatável), gramados verdejantes que aparentam-se à visão de paraíso, toques de bola exaustivamente ensaiados para não darem a impressão de frieza e mecanicidade, audiências civilizadas que aplaudem cada lance - como desinstalar-se daí? É um mundo perfeito servido de bandeja, construído com esmero (e abundantes recursos) para que as percepções se nublem.

A partir daí dá as caras, então, a ignorância histórica - afinal, é necessário parâmetros para se tecer comparações. Como considerar alguém "craque" ou mesmo "gênio" sem a sombra de outro "craque" ou "gênio" a lhe fazer peso para a análise de seus recursos técnicos? Dali, daquele mundo verdejante e comportado no qual o instalaram, o garoto não deseja sair; como algo pode ser maior do que aquela milionária perfeição?, ele se pergunta. Não volta os olhos a momentos vulgares do futebol, Copa de 74, aqueles cabelos desgrenhados, costeletas, aqueles uniformes que colavam ao suor... Este ser, que já possui em si a a (moderna) tendência a amortizar-se, deita na cama, não busca sair do comodismo de sua época, não quer entender o esporte como um todo. Sua estagnação (em plena "era do conhecimento"!) o obriga, sem traumas ou culpa, a exaltar apenas os de seu tempo que, pela ausência de conhecimento, não sabe serem de plástico. E nessa ele fica, como parte atuante da engrenagem que move a mediocridade.

Muitos gênios, em 2012.

Um comentário:

  1. Leiam por favor esse comentario e opinem.Ai vai o link http://emjogo.blogs.sapo.pt/240563.html

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