terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O bom, o mau e o feio

Quando Johann Cruijff pendurou as chuteiras, no início da década de 1980, dividia o meio campo do Feyenoord com o jovem craque Ruud Gullit – que, no fim de sua carreira, comentou emocionado sobre a temporada em que pode jogar ao lado de um ídolo genial, e o quanto ele pode aprender com ele. Agora que o mestre Giovanni voltou (e sem um Luxa da vida para pentelhar nosso saco), podemos rever um pouco do futebol que se foi. Logo na estréia, o maior craque do Barça-96/97 (empatado com Stoichkov, ok?) já deixou sua marca, numa jogada de habitual categoria e visão de jogo, habilitando para marcar o terceiro ponto santista seu pupilo P. Henrique (também do Pará, trazido por Giovanni para o Peixe e que, no nível atual, se coloca acima da média como jogador). Mesmo que por poucos instantes e citando a marcante frase do baixinho Romário, “hoje ‘tá mó baba jogar mermão!”, foi bom rever futebol, do jeito que o povo gosta! Necessitamos dessa dose de nostalgia, como afirmou Bury.

Então, o Wagner Love se mandou para o Mengão, para o calor do Rio, longe da frieza paulistana e dos atritos que aqui viveu. Depois de toda aquela novela (incluindo o enfadonho capítulo em que chegou a vestir a camiseta do maior rival), o avante voltou ao Palmeiras para ali ficar menos do que um ano, de muito amor e ódio. Ouvir, ainda no final do ano passado, uma figura da Traffic (que representa o atleta) dizer que não “havia mais clima para Wagner jogar pelo Palmeiras” me fez pensar. Então, os protestos sobre a qualidade do avante eram justos – como foram feitos, o nível de violência, tudo isso me parece mais um caso policial nesse momento. O futebol de Love justificou isso e sua saída, seu abandono do barco, mesmo com os “piratas malvados” atrás das grades, também deixou límpido o caráter do jogador e seu desleixo para com os torcedores (estes que são qualificados pela mídia de “apaixonados e contra violência”, e muitos deles podemos chamar de meros consumidores das novas marcas chamadas ainda de clubes). Estes, que ainda o queriam no time pelas qualidades que já demonstrou certa vez, foram tratados como trouxas no final da novelinha. Por que não ficar e provar para os “piratas”, os vândalos, que eles estavam errados e que ele merecia vestir a nove de Evair e César Maluco? Porque é muito mais fácil se mandar para a maravilhosa cidade olímpica, onde um duradouro “império de amor” o aguarda – pelo menos, até que uma possível queda na Libertadores faça acordar novos piratas, desses que estão “acabando com a magia do futebol”. O mau exemplo aí está, transvestido de comércio ambulante.

E o feio? O feio é ver futebol hoje em dia, puta que o pariu! Perder tempo assistindo campeonatos europeus, onde todos jogam a mesma coisa, e nenhum agrada. Lágrimas pesadas pelo legado que estão prostituindo eu derrubo. Aguante!

Um comentário:

  1. Logo em seguida de Gigio e Hristo, vem Popescu. Talvez até mesmo Luis Enrique. Um time só com esses já está bom demais.

    E o choro de Love na apresentação ao novo time mostra que a hipocrisia humana ainda possui limites a serem testados.

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