quinta-feira, 18 de junho de 2015

Escalações vemos, costumes já sabemos


O golpe já é antigo. Ganhou força com o advento da "transferência ao exterior", não a ida de Amarildo ao Milan e de Júlio Botelho para a Fiorentina, e sim essas banalizadas e feitas de baciada, de nego que topa qualquer negócio pra sair do futebol brasileiro e assim encher o bolso de uma diversidade acachapante de atravessadores (tem até supermercado metido em negociata de jogador, responsável por "fatias" do passe de diversos fantoches). É feito da seguinte maneira: o técnico da seleção pinça um sujeito desconhecido em algum time menor da Europa, alguém longe de ser brilhante mas que também não o faça passar vergonha, e o coloca pra jogar - existe o risco de ambos se queimarem, porém, se dá certo, o atleta garante transferência para algum time maior (no fim das contas, o real interesse da porra toda) e o treineiro passa a ser visto como "observador", como "descobridor de talentos", como alguém que realmente acompanha os "craques" brasileiros em qualquer buraco do mundo (uma espécie de torcedor de sofá remunerado).

No ano passado, Hulk era a aposta. Destaque no fraquíssimo campeonato português (se é que alguém que disputa o torneio nacional luso mereça a licença poética extrema de ser chamado de "destaque"), passou a ser seguidamente convocado, e a ideia era enfiá-lo a fórceps em qualquer grande centro que chegasse primeiro com a grana imaginada. Deu chabu (e mesmo eu dei com os burros n'água, pois cravei aqui no blog que o cheiro de transferência do jogador para o Real Madrid estava cada vez mais empesteando o ambiente) - o cara foi para a Rússia, faturar alto mas ficar ainda mais escondido que em terras patrícias (pode ser que para os atravessadores seja até melhor assim, ninguém pedindo prestação de contas, todos se refestelando à vontade com as mordomias e benesses desses mercados nebulosos do esporte, sem precisar dar satisfações a ninguém). Isso com Felipão. Agora, temos Dunga, e com ele chegou o ainda mais obscuro Firmino (quem?). Mas com esse não perderam tempo: já foi repassado ao Manchester United. Permaneço sem saber quem é, em qual posição joga, qual clube o revelou no Brasil - mas os negociantes da bola e os indestrutíveis homens da CBF, (muito) mais espertos do que eu, tornam esses detalhes irrelevantes em um piscar de olhos.

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