Alguém que acompanha esse blog, e que se identifica com o que aqui postamos, está surpreso com o futebolzinho deprimente apresentado no Mundial da África do Sul até aqui? Esperamos que não.
A seleção portuguesa talvez tenha sido a que melhor exemplificou o estado de espírito dos times presentes ao mais importante certame planetário. Na partida contra a Costa do Marfim, lá pelos 35, 36 minutos do segundo tempo, o time (liderado pelo Ricky Martin dos gramados, nosso adorado Cristiano Ronaldo), que já não demonstrava qualquer vontade de agredir seu adversário com maior contundência desde o início da peleja (e é bom frisar que mesmo os times mais limitados podem alcançar bons frutos devido à vontade de fazer o resultado, essa necessidade quase imperativa do futebol e das equipes que marcam sua história), passou a dar passezinhos de efeito, pedaladas, toques de letra laterais e toda sorte de malabarismos infrutíferos, com o único propósito de exibirem-se individualmente. O jogo tornou-se, então, um circo tragicômico, já que víamos ali, em ambos os lados, atletas com visual cuidadosamente elaborado (cabelos descoloridos, tranças rastafári, tatuagens em locais vistosos, até mesmo sobrancelhas depiladas e bronzeamento artificial) e que, quando da posse da bola, não sabiam o que fazer com ela assim que chegavam à intermediária do oponente. E tome desesperadores recuos da redonda, que matavam qualquer tentativa de ataque - após, claro, uma pedaladinha pirotécnica, que mascarava porcamente a falta de intimidade dos esportistas com o jogo coletivo. Pois o que vale, nesse Mundial, é ali estar, antes de tudo. Ao redor de todos, máquinas fotográficas e a tal 'super câmera lenta' registram a presença dos superstars, que capricham na pose. Isso coloca o futebol em segundo plano, pois jogar bem ou mal não significa tanto quando o que interessa é a superfície.
Esperamos, como apaixonados pelo esporte e por seu evento mais significativo, que a segunda rodada da fase classificatória possa tirar o torneio dessa vala de esterilidade e covardia que as seleçõezinhas de yuppies individualistas o mergulharam. Mas, como o caro leitor já deve saber, a projetar de acordo com o que pregamos desde sempre por aqui, esperamos, basicamente, o pior. Que venha o segundo round.
(Planejo, no próximo post, falar um pouco mais sobre as naturalizações. Aguardem e confiem.)
lanço um desafio: conte quantas vezes um jogador passa pelo adversario durante os jogos. no "servia x gana" foram 2 de cada lado. no "alemanha x australia", contei umas 6, todas germanicas. e nao me refiro a dribles desconcertantes, daqueles q marcam epoca (e q, claro, nao existem mais hj). me refiro a simplesmente ultrapassar um adversario, seja em velocidade, um com habilidade em uma finta, etc. é lamentavel constatar, uma vez mais, q essas coisas sumiram assim como desapareceram os craques, e o nivel do futebol despencou e jogou todo o futebol na latrina da covardia e passividade - tudo aquilo de oposto à essencia desse esporte q, pela coragem e loucura, envolveu o coração de todos enquanto era bem jogado.
ResponderExcluire detalhe, ha uma nova regra agora: falta depois da linha do meio de campo é obrigatorio lançar a pelota na area, como se estivessemos nos acrescimos do jogo, precisando de um gol de empate desesperador! o senso comum de um jogo se tornando cada vez mais quadrado e previsivel.
"seleçõezinhas de yuppies individualistas" resume muita coisa...
ResponderExcluirestamos linkando pra cá.
abraços
http://futebolcoletivo.blogspot.com/
Hoje no inglaterra x argelia lançaram bola da intermediaria local pra grande área adversária, a falta de recursos assusta.
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