terça-feira, 1 de junho de 2010

A latrina amarela

A seleção de futebol do Brasil faz, nesta quarta-feira, um amistoso contra o Zimbábue. Já seria peça do rico folclore que a CBF acumula ao longo de suas décadas de atividade, com seus compromissos estapafúrdios e politiqueiros assumidos desde priscas eras, mas a coisa toma um vulto de afronta a qualquer ser humano que ainda luta por alguma dignidade nesta Terra aonde até o ar que respiramos nos é oferecido envenenado. Pois esse amistoso foi feito para quê? Para que a elite desse país africano, no qual 68% da população vive abaixo da linha de pobreza (um número estarrecedor, até mesmo abstrato), possa arrancar ainda mais o couro daquele que exploram tão seguidamente, com esse pão e circo tão mal disfarçado. Pagam um salário de fome a essa gente (isso quando o fazem), e agora tomarão as migalhas de volta, oferecendo um espetáculo de baixíssima condição técnica, e ainda mais indigente condição moral. A CBF lá está para contabilizar, sua especialidade desde os tempos em que Havelange passou a mandar no futebol mundial e lá colou seu genro para "administrar" a entidade. O assunto corrente nos últimos dias era a bolada inacreditável que Teixeira vai embolsar com as duas partidas pré-Copa (essa e outra, contra a Tanzânia). Vão para se aproveitar da penúria de um país dilapidado, escondidos atrás de frases feitas covardes como "vamos testar o time" ou "viemos trazer alegria a esse povo sofrido". Mais nada.

E nosso querido Júlio César prefere botar a boca no trombone para falar mal da bola, fabricada pelo concorrente do patrocinador da seleção. Faz-se de indignado, com toda a arrogância que lhe é peculiar, quando uma questão corporativista está em jogo, e diverte os jornalistas que o entrevistam; mas, nesse tipo de situação, muitíssimo mais grave e que deveria contar com toda a veemência que demonstrou para fazer pilhéria da redonda do Mundial, se cala. Todos se calam. Tornam-se coniventes com a selvageria, e parte funcional desse motor de desgraça. Assim o mundo prossegue: uns no castelo, outros na lama.

Um comentário:

  1. é a Idade Média Moderna, em que o Império Inglo-Americano, do "lucro" e do "mercado", conseguiu aquilo que todos os outros, ao longos de séculos e milênios, tentaram: conquistar todo o globo. e esse aí ainda vai ser lembrado como o que o é: apenas um bobo da corte - um dos mais hilários, a bem da verdade devo publicar (ou consagrados, como denominam os idiotas do microfone)

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