terça-feira, 18 de agosto de 2009

Bola de Lixo

Um dia, já foi divertido acompanhar a Bola de Ouro da Placar. Claro, isso era na época que a revista ainda possuía algo de respeitável, e idem os jogadores que faturavam o prêmio (apesar de, claro, várias discordâncias absurdas - mas isso fazia parte do jogo). Como tudo que envolve o esporte nos dias atuais, tal troféu também se banalizou, e passou a funcionar como dispositivo de valorização de seus vencedores dentro do clube em que atuam ou para alguma inevitável transferência para o exterior. Nada é poupado na "globalização" do futebol brasileiro: o que for preciso usar para que os engravatados consigam arrancar mais dinheiro dos clubes nacionais e internacionais, eles usam. Nem algo meramente folclórico escapa.

Digo tudo isso porque tive a infelicidade de ver o último número dessa falecida revista. Se antes o meu susto foi ver o goleiro Felipe pela segunda vez em sua capa (o que será que faz esse cara tão especial para os redatores do veículo, hein?), o que realmente me apavorou foi ver o jogador mais cotado para faturar a Bola de Ouro no "Brasileirão" de 2009: Ronaldo. Sim, ele, que forjou uma contusão no braço para poder fazer uma lipoaspiração na surdina, é, segundo os critérios inanes da Placar, o melhor atleta desse campeonato horroroso. Não temos mais acesso às notas, que antes eram publicadas no Tabelão, suplemento que vinha encartado junto ao magazine; mas não é necessário nem vê-las para entender que, mesmo se Ronaldo não entrar mais em campo, vai faturar essa Bola de Ouro com folga absoluta. Basta apenas a sua presença para que sua avaliação seja, automaticamente, maior que a dos outros - afinal, ele é o "Fenômeno", não? O resto é o resto. E os que o avaliam sempre fazem vista grossa para suas patacoadas, mas amplificam por 1000 quando o sujeito faz algo digno de nota. Assim funciona. É gritante o quanto as cartas dessa eleição já estão marcadas, e eles não fazem a menor questão de esconder isso.

Nunca é demais lembrar que a Placar, juntamente com a Rede Globo, foram os que mais fizeram força para que Ronaldo se tornasse o "Fenômeno" perante a opinião pública. Me recordo como se fosse hoje do amistoso que selou a convocação do jogador para a Copa do Mundo de 1994, principalmente porque o escândalo que a emissora carioca fez por conta da presença daquele moleque de 17 anos que que prometia tornar-se um "gênio" do futebol é inesquecível (pelo lado negativo, claro). A revista também fez sua parte, colocando em letras garrafais na sua capa dois anos depois: "O Garoto de 20 Milhões de Dólares". Esse era o valor que a sua venda iria gerar para o PSV, clube que, à época, o preparava para ser vendido, tal e qual se engorda um leitão para as festas de fim de ano. Dinheiro, marketing, oba-oba, entrevistinhas divertidas, sessões de fotos "temáticas"... Bom, disso esses caras entendem.

2 comentários:

  1. ainda estou esperando algo do niveld e edmar, viola e luizao. ta dificl...

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  2. De fato a Placar vem piorando com o tempo. Mas o Ronaldo, por mais que realmente aumentem tudo o que faça, é um jogador sensacional.

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