João Gordo uma vez afirmou que o Brasil tem jeito, sim. "Basta que se mate todos que aqui estão e que começe tudo de novo". Pois assim vejo a situação da CBF e sua mais lucrativa franquia, a seleção brasileira. Não existe outra maneira de se modificar o panorama do futebol nacional se não se combater o sistema viciado, putrefato mesmo, que tomou conta da entidade desde a posse de seu todo-poderoso, sua Madame Butterfly, sr. Ricardo Teixeira, e sua tropa de vampiros, sempre sedentos por negociatas e maquinações de bastidores. A Confederação simboliza tudo aquilo que existe de mais podre e rasteiro dentro do mundo político, e os que lá estão são como os homens públicos profissionais: não largam jamais o osso, pois sabe que essa é a casa das oportunidades, que rendem a eles tudo o que lhes dá sentido à vida, ou seja, status, poder, libertinagem e dinheiro. Mudaram o treinador, mas a retaguarda que lhe dá suporte ainda é a mesma. Então, o que esse novo treinador terá de fazer? Se adequar ao modus operandi da família Teixeira-Havelange, ou então, nada feito. Afinal, se a coisa está tão boa para os manda-chuvas da casa, se eles podem comer seu caviarzinho e viajar para qualquer canto do planeta às custas da sangria do esporte mais popular de sua nação (esta, que eles dizem hipocritamente "representar"), para quê mudar? Não importa se a esquadra sofra diretamente com isso, à sombra de tantos desmandos e maracutaias (das quais eles próprios, os jogadores, não estão isentos de responsabilidade, é bom salientar). "Renovação", palavra tão usada pelos "especialistas" nesse momento pós-fracasso na Copa do Mundo quando se fala do escrete amarelo, não passa, portanto, de apenas isso mesmo, uma questão meramente retórica. Na prática, nada muda.Mano Menezes assumiu em meio à recusa de Muricy Ramalho. É um treinador sério, de método, que sabe trabalhar somente a longo prazo (talvez por isso seu currículo não seja dos mais vistosos), mas que precisou fazer concessões para encarar esse que é o "sonho" dos técnicos brasileiros: o de ser aceito pela CBF como um dos 'tops' da profissão. Assim como jogador, que deseja desde o útero da mamãe vestir a camisa de qualquer clube europeu (sim, qualquer um), técnico também possui as suas cobiças. Mas a vaidade de Menezes foi o menor dos males: triste, sim, foi que sua chegada em nada alterou a rotina usual da CBF e de seu time de estrelinhas fugazes, como ficou claro em sua primeira lista de chamada à frente da seleção. Óbvio que a não-convocação de parasitas como Robinho e Júlio César, talvez os dois com os narizes mais enfiados nos próprios umbigos entre os 23 estafermos que foram à África, é francamente elogiável; claro que existem aquelas patacoadas usuais entre as novidades do treineiro, tão comuns aos iniciantes no cargo (movimento natural de quem quer mostrar serviço: ali estão os desconhecidos que jogam na Europa, que são utilizados para que o recém-empossado mostre que acompanha os campeonatos, que está "antenado"; se fazem presentes também os brasileiros de times menores ou ainda em amadurecimento, cujo sucesso vindouro poderá ser creditado a seu descobridor, este faro tão certeiro para descobrir novos talentos e tão democrático para dar-lhes oportunidade)- mas o resto é somente mais do mesmo. Os que agora serão promovidos a titulares são os que eram antes reservas (já estão mais que à vontade com o clima nababesco da CBF, sabem em que costas precisam dar tapinhas, já arrumaram faz tempo seu pé-de-meia em times do Velho Mundo); as ditas "novidades" são aqueles que mais se mostraram talhados a entrar no esquemão titular do clube-seleção de base-negociação milionária-qualquer agremiação fora daqui. Ora essa, o que Neymar tem jogado que justifica sua presença em uma lista dessas? O que Pato fez nesse último ano, ou mesmo em sua carreira, que o credencia a ser tão indiscutível (como já dito no post abaixo)? Menezes inicia sua participação fazendo uso das mesmas cartas marcadas de seu(s) antecessor(es). Exatamente como a cartolagem queria, e sabe como ninguém estimular e promover. Parabéns a todos eles por mais esse passo atrás.
(Para terminar, uma recomendação: matéria da revista Carta Capital que fala, com sobriedade e exatidão, a respeito do que será essa Copa do Mundo tupiniquim organizada por Teixeira e sua turminha de Alis Babás. Link: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/quem-vai-impor-limites)
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