terça-feira, 15 de março de 2011

Yo con Amacu, Nori e Shankly no disco voador




Novamente. Gira a roda. Sobe e desce. Permanece. Estive viajando por outras galáxias e resolvi visitar os bons e velhos vermes da Terra. Os ditadores vão caindo. Ótimo. Espero que o que vier pela frente honre esse sangue derramado com amor e ódio. E curioso constatar que na Bolívia, Venezuela e Cuba, nações em regime de ditaduras horríveis, segundo a mídia, o povo não se inspirou com essa seqüência libertária. Gostaria de ouvir a opinião dos “especialistas” a respeito. E continuam a profetizar o fim do mundo, sem qualquer esforço de corrigi-lo, remediá-lo. A vida continua como um trêm mal “governado”.


Agora, modificaram o eixo da Terra (sem feios na sua maldade) e o maquinista deve ter a ver com o terrível terremoto. Antes, refresquemos a memória. Há uns 70, os Estados Unidos (esse mesmo, do Obama carioca) lançavam duas bombas atômicas sobre cidades japonesas, criando centenas de World Trade Centers em segundos. O ápice da negação. O pior pesadelo de gerações desde então. O pior atentado terrorista da história? Eu acredito num pior ainda. A televisão avisa que, graças a relações amistosas entre governos e exércitos dos dois países, o envio de três navios norte-americanos (um deles, um baita porta-aviões de nome Ronald Reagan – chique, não?) faz parte da ajuda ao governo japonês nesta catástrofe. Como assim? O que houve entre essas duas datas fatais? Tendo o Império Anglo-Americano conquistado o mundo (o sonho de todos os outros até então), sobram duas opções: resistir ou não. De Bruce Lee à Jaspion, a cultura sempre vai servir como uma arma perfeita, invisível, indolor - tudo se absorve, como todo bom veneno trabalha. O trêm econômico, que hoje regula as ações do mundo, completa seu percurso ao redor do globo, obrigando ao ser humano ficar de joelhos perante sua autoridade. A televisão impõe incessantemente: “Só quem estiver nele sobreviverá”. Você o perde uma vez; na terceira ou quarta sua resistência é vencida e você pula naquele monstro sem pestanejar. Os japoneses pularam nele faz muito tempo. Quando ouço esse discurso-feito sobre a “superação” japonesa fico constrangido. Não pelo povo japonês. Eles, sim, trabalharam (e ainda o fazem) como poucos - com organização, ímpeto e determinação admiráveis. Mas qual teria sido o futuro dessa nação, caso se opusesse àqueles que pulverizaram suas crianças? Até onde os guiaria sua verdadeira superação? Parece muito com o caso do balofo e bom pai Ronaldo Nazário. Claro que, após suas contusões graves, ele estava lá, exercitando seu corpo. Mas prefiro a opinião de La Brujita Verón: “quem se supera é o trabalhador, que acorda cedo, trabalha muito, ganha pouco e não sabe se vai acordar empregado no dia seguinte”. E com os privilégios que Ronaldo teve, dentro e fora de campo, essa teoria da superação morre de vez. No caso nipônico, o erro fica claro não nas marcas da fúria natural, e sim na conjuntura social miserável do sistema que tanto sua nação alimentou, seguindo o guia-mestre yankee. Não se trata de vingança, de outras guerras estúpidas. Mas dizer não à bomba atômica poderia fazer Nostradamus chorar. Seria dizer “não” à miséria, desigualdade, injustiça e trilhar outro caminho, diferente do que nos levou o Império: do consumismo, individualismo, da (essencialmente) eterna e virtual competição, celebridades, opiniões vazias, ou seja, o capitalismo como o câncer que o é no coração de uma raça humana faminta e cheia de tesão. Como gasolina no fogo. Vejo também como uma revolta das almas perdidas. O pior terremoto da terra dos terremotos. As águas, tão maltratadas pela lógica capitalista, varrem tudo pela frente. E devolvem à ilha do Sol Nascente, justamente, a bomba atômica. A televisão fala, fala, fala, inventa entrevistas, cria “slogans” e tudo vira um “show”. Quando uma equipe de televisão está presente numa cena de batalha, de rebeliões, algo está muito errado. Áreas seguras dentro do caos, controladas pelo coronelismo global. Como nas praças medievais, para todos verem, se acostumarem – só que no camarote da censura estava a Igreja Católica. Os castelos da Idade Média Moderna estão mais altos e elegantes. Mas a tirania continua alimentando os reis, agora cibernéticos e a miséria continua a compor suas obras. Jorra pelas vias de comunicação aquilo que transborda de sua existência. Defesa. Banalizar o medo me enche de pavor. O jornalismo, como o futebol, se afrouxou, perdeu cobrança, estacionou, entrou na dança da nova ordem, confiante e satisfeito. Os que antes apresentavam, informavam, hoje agem como bons amigos dos telespectadores, informal e animado. Parecem bestas falantes. Sujam o legado de homens sérios. Golpeiam a vida, sem dó.


No Brasil, bom e velhão de guerra, as águas também se rebelam, mas o que importa é outra coisa: a euforia pelo “crescimento” que não pára, pela língua podre da Rede Globo, e logo pelos seus cordeiros. A intrusa norte-americana da Time-Life e seus covardes e manipuladores tentáculos, gozando com a Copa, as Olimpíadas, com Galvão ou não, o “país do futebol” e o time do povo que hoje agradece quem não honrou sua camiseta. Tudo se perde, mas continua a se misturar. É assustador, devido à realidade antagônica ao que se transmite, mas a polícia virou alvo de elogios e suspiros na telinha. Anjos na Terra do Inferno. É todo dia, todo dia! O futebol virou caso de polícia. A polícia joga futebol, leva bancos do antigo Império às favelas, que continuam a crescer nesse país de pessoas numéricas. A televisão inventa regras e exceções. Defende seus interesses, que nunca coincidem com os do povo. A mídia não quer justiça social, quer controle. Mídia, como ela é, virou antônimo de vida. E tudo é batizado e santificado pela magia do plim, plim! Uma massa só. Um controle só. Mais fácil para as mãos de ferro da Tropa de Choque; mais barato no mercado financeiro. Bombas de gás para a revista Veja! aplaudir; direitos pilhados do lado de fora do trêm – onde nada mais parece ter sentido e a paixão jaz enterrada sob toneladas de mentiras sedutoras. Resistir dói e apaixona, igual a qualquer outra coisa por aqui. Não gostam de equilíbrio esses terráqueos. Gostam de extremos, para acalmar o desespero da vida estúpida que se apresenta, mas não se explica, a não ser pelo seu próprio pensamento e sentimento, que perderam valor para a posse de pedaços de plástico e ferro, chamados de bens. Lá embaixo, vejo um dentista de nome José Maria atendendo no edifício Maria José. NA Internazionale um japonês de nome Nagatomo enverga o que era de Klinsmann. Penso nos tornados, em Oklahoma e ouço índios ceifados urrando em loucura e êxtase. A seleção da Romênia, do mais famoso chupador de sangue, jogará amistosamente para celebrar a carreira do maior chupador de sangue do futebol. A condução pública da locomotiva brasileira piora e o seu preço sobe. Tudo gira e nada sai do lugar. Me voy, porque ficar por aqui cansa e demora a evoluir. Há muito mais para saber. Voltaremos, voltaremos!

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