sábado, 27 de junho de 2009

O fator Keirrison

Gostaria de entender o protecionismo por parte da imprensa (quase toda ela, melhor dizendo) em relação a esse tal de Keirrison. Eu tento, mas não consigo. Mesmo durante a fase que a máscara desse sujeito caiu e ele ficou numa tremenda seca de gols, nego propagandeava que ele ia para o futebol europeu, que ele merecia vaga na seleção, que a média de tentos dele era assustadora, que ele era o ídolo do Palmeiras, etc, etc, etc... Mesmo quando não se via, por parte do figura, nada daquilo que era dito pelos "profissionais" da imprensa, o blábláblá era sempre igual. Se algum (ou vários) deles receberia benefícios ($$$) com a venda do mancebo, não sei dizer - só sei, por certo, que quem caiu nessa conversinha mole fez papel de idiota. Mas essa transferência dele para o Barcelona levanta dois pontos interessantes a respeito do futebol dos dias de hoje:

1) Em tempos idos, só iria para o Barcelona algum jogador que fosse gênio, destaque absoluto de sua equipe e de seu selecionado; era coisa restrita para poucos. Maradona, Romário, Cruijff, Laudrup... Se tivesse ido para a Catalunha, era porque realmente fez por merecer. Hoje em dia, o próprio clube fez por nivelar-se por baixo, e adquire jogadores de nível duvidoso em qualquer oba-oba que for feito por aí. Por conta dessa política cretina, o que o Barça contratou de lixo nos últimos anos é alarmante - e desanimador. Agora, vão levar o tal Keirrison em seu pior momento técnico desde que veio a São Paulo. Pois então: se um dos maiores times do planeta não tá nem aí para a qualidade do que compra, alguma coisa está (muito) errada.

2) Desde que chegou no Palmeiras, esse Keirrison deixava claro que seu objetivo era ir à Europa. Ele usaria o alvi-verde para se valorizar e chegar ao Velho Mundo como jogador conagrado. Veja que não coloquei a palavra "usaria" à toa: para ele não fazia diferença se atuava pelo Palestra, pelo Remo de Belém do Pará ou pelo Brusque, de SC; a camisa palestrina para ele era somente o trampolim para um clube "maior". Quando ele falou publicamente que sonhava jogar pelo Barça, demonstrou uma total falta de respeito para com a camisa que vestia no momento, e deveria ter sido escorraçado pela torcida já naquele instante. Agora, deve estar realizado - e, na reta final dessa negociação, mais uma vez tratou a camisa do Palmeiras como se essa não fosse nada. É uma situação ridícula e que evidencia uma repugnante podridão moral, mas não me causa estranhamento: ele é fruto de uma geração que valoriza somente o que vem de fora; uma geração que já é criada desde cedo para chegar ao Barcelona, ao Milan, ao Real Madrid... Eles não querem mais jogar pelo Corinthians, pelo Flamengo ou pelo Internacional; querem ir rápido para a Europa e conseguir status e fortuna, o que realmente os move para optar por essa carreira. Que vá logo para lá, então - e tomara que demore para voltar.

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