
- Não é à toa que, entre tantos outros motivos que vivemos destacando aqui, desde que o futebol se assumiu como um esporte televisivo acima de tudo, o nível técnico tenha caído tanto. Pois temos câmeras em todos os lados do campo, para captar qualquer movimento, dispostas a engolir os jogadores se for preciso, e diversos seres a narrar absolutamente tudo o que acontece, transformando os jogadores (e a si próprios também, no caso do “jornalismo-stand up” global) em atores sabe-se lá do quê. Pois então: como, cercado de um aparato dessa magnitude, um jogador pode concentrar-se somente no jogo? Independente do talento que possua, não existe mais possibilidade do atleta respirar e pensar o futebol – ele precisa estar constantemente ligado ao já citado aparato, porque este agora se arroga o papel de ser o único meio de lhe emprestar uma vida. Existir, jogar, ser atleta profissional, está intimamente conectado ao desespero de se fazer notar pelo mercadológico/midiático porque estes tornaram-se a única forma de contato possível dessa gente com o mundo. Lembre-se disso da próxima vez que o "craque" do seu time comemorar a marcação de tentos com a câmera de TV.
- Futebolistas modernos são criaturas tão pouco marcantes, tão domadas por aquilo que é externo ao jogo, que necessitam ser chamados por nomes compostos para que sejam identificados até mesmo a si próprios. Isso sempre existiu, claro (Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Jair Rosa Pinto, Mauro Ramos de Oliveira, etc.), mas agora assumiu ares de pandemia – e, se antigamente servia como uma deferência, uma forma de evidenciar o respeito adquirido por um craque citar seu nome completo, hoje é uma tática necessária para desembaralhar essa camarilha de seres sem alma que despersonaliza cada vez mais o esporte. Todos os times possuem seus Renans Oliveiras, seus Andrés Santos, seus Maikons Leites, seus Thiagos Ribeiros, seus Fabrícios Carvalhos - e agora a seleção conta com gente tipo Mário Fernandes (foto) e Renato Abreu, tão carismáticos quanto uma folha de alface. Não dê muito, e esses típicos funcionários de repartição do futebol estarão em campo ostentando crachás com seus nomes inteiros, para que possamos saber quem é quem nesse mar de impessoalidade e imbecilização (da qual não são vítimas, e sim agentes diretos porque coniventes).
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