quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Mudanças necessárias (e amargas)

Inspirado por dona Tota, ouvindo Alice in Chains


A permanência de Neymar no futebol brasileiro não significa uma vitoria do mesmo sobre o de fora, por favor! Significa business, planejamento, portfólios e marketing. Sou formado em Publicidade e dependente químico de futebol; dessas coisas aí eu até conheço um pouco. Se ele for pra Europa, primeiro vai ter que dividir a atenção com outros menininhos que já adquiriam esse status de Deus, tipo uns Cristianos e Lioneis que andam por lá - de Ferraris, claro. E dividir no business (o sinônimo de futebol hoje) significa menos bufunfa, nego! Olha o perigo, ai! Não podemos esquecer também da adaptação, sempre difícil para Sócrates ou Violas (tanto faz sua formação de vida). Você estará longe de tudo que sempre te cercou. Nem mesmo jogando bola e enchendo o cu de dinheiro, às vezes, compensa o esforço, e seu rendimento em campo pode (como muitas vezes já vimos em outros players) piorar – e muito. Pra que ver Neymarzinho rebolando de clube em clube, de fracasso em fracasso como seu heroizinho Robinho? Nada que vá atrapalhar sua participação da seleção da Nike. Pra se chegar nela hoje, basta vender - sabemos disso. E as vendas virão lá ou cá, jogando bem ou não, porque sempre se joga bem nas mesas dos publicitários e empresários. Mas será muito melhor vestir a antes sagrada – hoje, mais do que profanada – amarelinha sem esses atritos de imagem. Outro aspecto importante, é que não há mais diferença entre o futebol de lá e do cá no que diz respeito à carreira e outras coisas. Agora temos, aqui na terra das bananas, a mesma liga de 38 rodadas, o calendário, estádios (e alma) cada vez mais “europeus”; se não temos a Sky alimentando toda essa parafernália (tenham inveja, putos saqueadores!) aqui está dona Rede Globo pra fazê-lo. E graças a toda esta investida covarde que aqui sempre citamos, o Brasil tem hoje uma classe de consumidores do futebol tão potente quanto à de um país de primeiro mundo. Consumir é fácil, consome-se com avidez ate escovas de cabelos, amigo! E apesar do futebol não encontrar quase nenhuma diferença mais entre os diferentes torneios (ate porque todos eles estão recheados com jogadores do mundo todo), aqui, sabemos, o nível dos clubes médios e pequenos está cada vez mais paupérrimo e isolado de qualquer disputa com os da “elite”- e na verdade, isso também não tem muita diferença com o que vem acontecendo no velho continente. Sobraram, no “país do futebol”, os 12 grandes (num território que abrangeria quase toda a Europa; sinceramente esse número pra mim não é baixo, nem alto e, sim, absolutamente normal) e assim se disputa o “melhor campeonato do mundo”. Portanto, fazer Neymar ficar é fazer (muito) mais dinheiro. É apenas mais uma nova fase da investida capitalista no espírito esportivo e, conseqüentemente, da destruição do mesmo. Sinto muito, mas nós, do Antimídia, não compramos essa balela que tentaram nos fazer engolir. Abro a Folha de SP hoje e vejo a manchete “Não a Ronaldo”. Poxa! Seria um milagre dos deuses do futebol? Alguma – por fim – critica ao primeiro e onipresente deus do futebol mercantilizado? Que nada, Torito! O “não” que o Santos teria dito ao Real Madrid e a seu procurador Nazário - o novo “homem”empresário – só reflete na reportagem a promoção dessa nova fase de Ronaldo e os rios de dinheiro, claro, que ela vai trazer consigo. Foi apenas mais uma pecinha nesse quebra-cabeças, um estímulo a mais pros leitores receberem em suas consciências amortizadas pelo novo futebol, onde sumiu a expressão “mercenário”de tanto que ela se coloca como regra hoje pros players e afins. Tanto que no Uol – da “respeitável” Abril – nem havia mais um “não”estampado (esse que tanto dizemos, mas com o coração); estava lá, direto, a manchete de que o Fenômeno havia feito uma oferta por Neymar. Faz-me-rir! O açougue continua funcionando no futebol mercantilizado, gente! Amaciando e depois perfurando. Os deuses realmente estão onipresentes, nem precisam mais viajar além mar; aqui é a terra deles e de suas contas bancarias! E nos aqui, metendo o pau em tudo o que vier pela frente! Aguanten el blog de la locura!


...E Diós ficou órfão: lembro da historia do vestiário argentino, antes da partida contra os ingleses, na Copa do México, em 1986. Diego, sentindo todo o peso da nação, começou a chorar e gritou pela mãe “tiengo miedo, Tota! Tiengo miedo!”. Não houve convulsão, porque esse é O verdadeiro! Passada a explosão, virou-se a todos e gritou pela vitoria que ele traria (quase sozinho) dali alguns minutos – o maior de seus milagres! Dona Tota fora recebida com toda alegria e força que merecia na sua morada esperada. Forza Diego! Sempre estaremos contigo!

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