sexta-feira, 27 de março de 2015

Eu estou falando do dever... Das obrigações!


Jogamos essa ideia do fim do centroavante aqui mesmo, neste blog, já há algum tempo - se não me engano, no momento da "explosão" de Alexandre Pato (este que, provando não ser necessário grande alcance de visão para tanto, já cravávamos ser fogo de palha). Mas hoje encontro gente que, em nome de uma pretensa "evolução tática", prega como normalíssima a substituição dos antigos "center-forwards" por meias e mais meias, ou, por que não, por "alas" - mas lhes pergunto, caros amigos: existe realmente evolução quando se exclui de uma equipe de futebol quem anota seus gols? É difícil aceitar tanto conformismo, mas ele está aí, a quem quiser fazer uso, lambuzar-se até, disfarçado de "estudo tático".

Quantos centroavantes de ofício restam no futebol de hoje? Goleadores mesmo, sem medo, que peitam zagueiros, brigam, olham para o gol quando estão de posse da bola, chutam de onde estão virados, cabeceiam, que ali estão com a função de fazer gols e não "marcar saída de bola" ou "impedir o avanço dos laterais"? De projeção internacional, apenas o uruguaio Suárez. No Brasil, somente o peruano Guerrero, aos trancos e barrancos, sobrevive - farsas como Jô ou Tardelli tiveram ascensão injustificada porém, como esperado, fôlego bastante curto. Já se aceitam naturalmente times sem o 9 (o Corinthians recentemente promoveu, com aplausos, o eficiente porém pesadíssimo Danilo a seu "homem de referência", e assim Tite, após a partida, foi aclamado como "treinador de grande visão") - ou, se quisermos ser um pouco mais diretos, aceitam-se times sem ataque. O futebol de sofá triunfa mais uma vez: as "mesas táticas" dos comentaristas, essas que tratam os atletas feito robôs e que excluem do jogo qualquer possibilidade de espontaneidade (em minha ultrapassada visão romântica eu ainda espero alguma), tornam-se tão importantes quanto o placar, fazem do técnico um Deus, da disposição de seu time em campo, a verdadeira tábua dos mandamentos. Enquanto isso, resultados minguados tipo 1 a 0 pululam por aí - mas, se tal raquitismo numérico puder ser explicado através do linguajar tão valorizado pelos cronistas, esse das "linhas de 4" ou das "gestões de equipes", não fará diferença alguma. Assunto não vai faltar.

Abro o site UOL agora de manhã, e a capa do periódico virtual festeja: "plano de Dunga para enterrar o clássico camisa 9 funciona" (graças a uma vitória do selecionado empresarial brazuca em amistoso boca-mole disputado acho que ontem, não sei em qual horário e sequer em qual país). Fala-se de tática, não fala-se de craques: eis uma legítima manchete do futebol 2015.

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