quarta-feira, 13 de maio de 2015

Não sei nem o que significa o vocábulo "vocábulo"


Um pequeno glossário do Antimídia com alguns dos termos mais retardados utilizados pela mídia esportiva:

GORDURINHAS - Agora, com o retorno do "Brasileirão", esse que é o campeonato mais disputado do planeta pois entra com quase todos os times candidatos ao título, muito se falará das "gorduras", termo que ouvi pela primeira vez dito pelo sumido Paulo César Vasconcelos, e que dá conta daquele momento, inevitável neste longuíssimo torneio de pontos corridos, nos quais as equipes, que já passam o certame inteiro se arrastando em campo, exageram na frouxidão, passam a perder muitas partidas e só não se complicam ainda mais por ter acumulado pontuação que os distanciam da zona de rebaixamento - as tais "gordurinhas". Aparenta planejamento, coisa que os solertes analistas tanto prezam e cobram em suas inserções, mas mostra apenas o desleixo geral da competição, da forma como é encarada pelos atletas até a forma como é recebida pelo público em geral. Essa gordurinha tá mais é pra anorexia - e o anoréxico não acreditar que seja um doente traz à comparação ainda mais sentido.

JOIA - Nos sites especializados não se fala mais em jogador de base em ou em revelação: fala-se em "joia". Sim, o jogador brasileiro anda tão mimado que no time de juniores o cara já é tratado com essa pompa. E obviamente o novo epíteto só seria ideal se remetesse a valores. A tal "joia" não designa futebol : refere-se, principalmente, à possibilidade de dinheiro em caixa. É a prioridade. Espera-se que essa pedra preciosa já venha lapidada a contento, pois ao clube interessa apenas vendê-la. O colonizador não entregou espelhinho ao nativo da terra como se fosse presente de grande valia? Essa é a vingança tardia do brasileiro: exportar "joias" futebolísticas com valor de latão.

NAMING RIGHTS - Falar deste futebol de 2015 é falar de dinheiro. Portanto, tão corrente quanto os termos "drible" e "gol", agora temos esse, "naming rights", na boca do povo. Dá aparência de 1o. mundo, não dá? Me sinto em uma "arena" europeia, rapaz! Mas trata-se apenas do popular, e me desculpem por usar um termo chulo tão brasileiro, "passar o pires": é meio que um "outdoorzão" que usa não uma placa na rodovia, e sim o nome do estádio. É prática corrente no velho Mundo o tal do "naming rights", o Brasil não pode ficar atrás - e, se bobear, a parasitagem que rodeia o futebol vende até o próprio nome para garantir o burrinho na sombra. Um "Rivelino Nike" ou um "Zico Burger King" hoje em dia já nem me parecem tão absurdos.

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