segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ainda (e sempre) contra!

Aconteceu o que era esperado: a migalha do Primeiro Mundo veio, enfim, para o Brasil. Em sua sede por ser grande, por ser europeu ou norte-americano, e para mostrar ao planeta globalizado e "pós-crise" (risos) que é um país "emergente", confiável e de muito valor para o sempre cobiçado capital estrangeiro (termos esses usados pelas revistas semanais de informação neoliberal, e que apenas reproduzo aqui), o país do Carnaval será, também, o país da Copa do Mundo e da Olimpíada. De nada adiantou o exemplo de Tóquio e Chicago, localidades cujas populações rejeitaram veementemente a realização do evento por lá (lucidez, eis um benefício que o investimento em educação pode gerar): enquanto essas cidades não precisam provar nada para si mesmas e ao mundo, e entendem que gastar bilhões de verdinhas em uma festinha de duas semanas é cretinice das brabas, o Brasil quer porque quer ser aceito pela cúpula. É, o complexo de inferioridade, nessas horas, fala mais alto. Parece até gritar. Aí, foi a hora de os desenvolvidos, os poderosos, fazerem a sua média com a parte de baixo do planeta - e o povo daqui, como bom recebedor de esmola, agradeceu sorrindo e cortejando seu benfeitor (como exemplificou o próprio presidente do COI, Carlos Nuzman, o da foto, enquanto assinava, trêmulo, os documentos que nos confirmavam como sede olímpica). Agora, aguentemos a overdose de especiais televisivos/internéticos/impressos que nos prepararão para 2016 - e olha que ainda temos 7 anos para aguentar essa turminha de deslumbrados embasbacada com tamanha "vitória"...

Vejo em muitos blogs por aí que quem condena a Olimpíada do RJ é chamado de "anti-Brasil". Acho que, na verdade, são esses os mais a favor da pátria, já que são eles os que querem vê-la crescer de forma ordenada e correta. Se nos colocamos contra, é porque entendemos que, repito o que foi dito no post aí embaixo, seria muito mais proveitoso para o nosso país se o (vultoso) dinheiro que será gasto com a farra esportiva fosse voltado para as reformas, ou até mesmo a criação definitiva, de uma infra-estrutura física/política/social que é a base óbvia de qualquer lugar que se possa rotular como "próspero" e "desenvolvido". Não é maquiando os problemas, através de vilas olímpicas e domos moderníssimos com seus tetos que abrem e fecham, que se consegue a resolução destes. Eles permanecerão lá, pelo tempo que assim necessário for a alguém, assim como permanecem, vazios e inúteis, os prédios e instalações que outrora haviam abrigado atletas do mundo inteiro.

Um comentário:

  1. Cara, unica coisa que posso dizer, é que eu lhe aplaudiria se estivesse a sua frente agora.

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