sábado, 21 de novembro de 2009

Calma, Sir Bill Shankly. Garanto que são apenas passageiras aberrações

Diretamente do canal televisivo que vendeu a alma do futebol, mais um capítulo do lixo que é uma arte apodrecendo: o efeito do Eclipse perambulou ontem no Pacaembu, triste e covardemente, como sempre.
No primeiro tempo do jogo entre Corinthians e Náutico, Ronaldo errou um passe – desses que o “craque” vêem fazendo aos montes neste embrionário e patético Campeonato Brasileiro – que deveria chegar até um tal de Edno, em posição de arremate. O “narrador”, claro, preferiu culpar a ineficiência do lance ao segundo. Como já afirmei aqui, “Deus” não erra, não peca. Ainda na primeira metade do prélio, o “comentarista/especialista” da era monetária que envergonharia Charles Miller soltou uma daquelas pérolas que me obrigou a visitar o banheiro, às pressas: um atacante do time “mandante” fora tocado na entrada da área, perdeu um pouco de seu equilíbrio, mas mesmo assim desferiu o chute à meta contrária, sem render o esperado gol. Para o tal súdito da ignorância/manipulação pré-estabelecida, a vantagem concedida no lance fora mal arbitrada porque ‘o atleta não chutou como deveria’. Ora, pois crianças! Ou um camarada desse não sabe nada de futebol, ou sabe tudo sobre futebol modernista! Se o jogador arrematou, não houve falta – talvez falta de categoria. A falta ocorre quando um jogador é impossibilitado de jogar. A quantos gols assisti de meus ídolos em posição parecida como aquela? Uma porção suculenta, e muitos espetaculares. Coisas de um passado que fica cada jornada mais distante. Respiremos fundo, pois o pior ainda está por vir. Este que chamam de Fenômeno anotou um bom ponto de cabeça – como fora o do Náutico no primeiro tempo - para empatar o placar, no início da etapa final de jogo. Minutos depois – vencendo a costumeira apática marcação imposta por mais alguns de seus fãs de carteirinha – quase repetiu a festa num chute cruzado, e no décimo minuto desferiu um chute para fora, após um corte num defensor qualquer. Pronto! Foi o bastante para que brilhasse o lado mágico do Eclipse. O mesmo “especialista”, fomentador de ocas opiniões, vomitou algo do tipo ‘... Já valeu o ingresso!’. Naquele mesmo estádio público devo ter assistido avantes do nível de um Luizão, por exemplo, ter feito mais do que aquilo incontáveis vezes. O nível do jogo despenca à velocidade da luz, e não porque os tempos mudam. No caso do futebol, sabemos que ele vem sendo transformado em detrimento da arte. E numa cancha dessas sempre há espaço para mais pérolas, se me permitem o infame trocadilho bilíngüe. Um carrinho de um jogador visitante fora desferido no gramado molhado pela chuva paulistana, provocando aquilo que já sabemos que os “jogadores” modernos adoram, ou seja, esfregar a bunda no chão. Evidentemente que a turminha dos microfones só foi notar que o salto do corintiano fora tão visível que - até mesmo pro nível deles - obrigaria uma explicação no replay do lance, e assim ela veio: ‘ O jogador forçou a queda, sim. Mas o carrinho, por si só, já caracteriza a falta’. Alguém aí se lembra da chamada publicitária da Nike ‘Diga não ao carrinho’? Não é coincidência, amigos. Pobres de Gamarra, Marcelo Djian e Franco Baresi, eles estavam errados! E eu, apavorado, tinha uma vez mais a prova de que eles querem, no mínimo, mudar um esporte perfeito por excelência. E teve muito mais!
De repente, uma falta é marcada perto da área do Timbu. Elias – ex-Juventus da Mooca e Ponte Preta – se aproxima de Ronaldo que se preparava para bater na bola – e durante esta temporada o Eclipse o vem fazendo de maneira bisonha para quem viu Marcelo Surcin, Neto, Francescoli, entre outros tantos cobradores. Visivelmente, o meio campista estava a instruir o bissexual companheiro sobre o que deveria ser feito: um toque para trás e o meia chutaria para virar o placar para o alvinegro. ‘Um abraço no ídolo!’, urrava de um murcho tesão o “narrador” após o gol concretizado. Sinais de uma mórbida criação, o fã que instruía um ídolo em campo num lance dos mais banais. Faz-me rir! Como a esta altura do circo, Ronaldo já estava nas nuvens – obscuras, há que se dizer – foi julgado como normal o avante perder mais um de seus gols absolutamente feitos, por tentar encobrir o arqueiro rival, quando um simples chute bastaria para decretar a vitória de seu time. Eu disse, de seu time! Alguém aí ainda se lembra do valor verdadeiro disso? ‘Ele pode, tem crédito. É um dos maiores de todos os tempos’, evacuou o “especialista”. Só se for um dos maiores desde que a emissora que o emprega comprou o esporte que tanto amamos – e olha lá! E o crédito de seu preciosismo inútil e egoísta custou caro. Com dois gols nos minutos finais, o time pernambucano fechava o placar definitivamente, em derrota para o time do “genial atacante”. Para mim, foi uma derrota bem maior do que apenas os números eletrônicos apontavam. Todos seguimos perdendo graças a esta nova ordem futebolística. Menos, claro, os falsos eclipsados deuses da bola. Que lástima.
Foi tudo tão bizarro que, desta feita, o score complicava temporariamente um dos escretes cariocas – que, do nada, voltaram a deitar e rolar nos bastidores, onde cada vez mais, se decide o destino desta arte que nunca morrerá de fato. Segue a dança, certamente errônea, na República da Putaria, que por hora chamam de Brasil. Socorro!

Nota: Foi vergonhoso, sim! Como dependente químico do futebol que sou, fiquei puto e decepcionado com o lance. Mas não foi obra do acaso. La Mano de Diós (a canhota, como não?) de Henry vem aí para assombrar os brazuquetes de Teixeira e Cia. Aguante que a Copa da África está logo aí, como diria meu xará borracho! FFF = 666

3 comentários:

  1. Ronaldo já me encheu o saco. Mas esse negócio de vangloriar boas jogadas do Gordo é o mesmo que fazem nas transmissões da Liga dos Campeões e da Eurocopa: jogos chatos que o narrador melhora artificialmente.

    Quanto ao Henry, foi tosco. Mas não achei o fim do mundo, não. Já vi coisa muito pior, inclusive de jogadores brasileiros, pela seleção. E ninguém da imprensa esportiva crucifica quem faz isso. Lembro até hoje da matada de mão do Túlio contra a Argentina. Todo mundo adorou.

    Abraços

    Fábio

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  2. Fui ao dito cujo Estádio Municipal e assisti a essa ''partida in loco'' debaixo de chuva e com a cabeça sóbria sem uma gota de álcool. Eu digo como corintiano que o Ronaldo é um bem e um mal para o Corinthians, um bem porque ele se faz de alvo, os holofotes ficam nele por enquanto, ao ponto de a anticorinthianada de M**** esquecer um pouco do Corinthians. Mas o mal que ele faz na minha opinião é maior, hoje tem aquela turma do Ronaldo no Estádio, aqueles que vão por ele somente, esses são os zicas no Estádio hoje em dia, sabem nada do Corinthians, não são os torcedores de arquibancada, ou como era antigamente os geraldinos, e por esses que hoje eu como antigo freqüentador do Paulo Machado de Carvalho sou obrigado a pagar muito mais caro um ingresso.

    Sobre os lances que pra aqueles que estão no esquema são fenomenais em qualquer Várzea da Piratininga você acha lances iguais, com o desprazer de ser feito sobre um campo careca no seco e um lamaçal na chuva.Concordo com você.

    E sobre o Henry, ele que uma vez disse que o Brasil revela tantos jogadores por que não se tem tantas escolas por aqui?? Foi isso ou parecido com isso, nesse caso que ele arda no mármore do fogo do inferno hahahah. abs.

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