terça-feira, 22 de março de 2011

O clube dos Um

Outra marca nojenta que o futebol covardista nos concebeu foi a formação de um clubinho, seleto e milionário, onde seus sócios podem ser felizes e estúpidos, sem qualquer risco de falência, fracasso ou, se quer, um mal estar. Um bom exemplo é o jogador Anelka: ele sai do Chelsea, vai pro Bayern Munich; sai deste e, de repente, já está no Real Madrid e de lá, depois de uns dois anos, voa para a Juventus... e assim continua, viajando pelo (também) clubinho dos clubes poderosos, jogando o mesmo futebol burocrático de sempre. Vale a pena deixar registrado que isso vem de encontro (e não por coincidência e, sim, consequência) com a morte do antes espetacular Campeonato Europeu de clubes (que, de fato, era um torneio de "Champions", e nada mais). O que sobrou dele foi exatamente uma idéia que começara a percorrer as línguas afiadas da televisão, por volta de 1993, ou seja, a de uma liga - separada e independente da saudosa e decente versão - onde os clubes poderosos estariam presentes e se "livrariam"das "garras sujas"da UEFA. Ora, essa! O que fizeram nesses anos foi exatamente garantir a constante presença das marcas importantes do Velho Continente na vitrine do mercado da bola. Fizeram a nova copa atropelando a antiga e enganaram (e ainda o fazem, visto a audiência do mesmo) o público chamando-a de Champions League, numa absurda contradição, já que até quatro, ou cinco, times do mesmo país estão presentes numa mesma edição. O poder da competição, antes depositado na força em campo (onde Steuas e Estrelas se sagravam campeões pela raça), hoje mora na balança comercial. Lamentável.

Voltando aos jogadores, me deparo hoje com mais uma pseudo-entrevista do pseudo-treinador da pseudo-seleção nikerinho (esse apelido não tem nada de pseudo, infelizmente) - que se prepara para mais um amistoso na sua nova casa, Londres, que tagarela o idioma da matriz e bem longe dos desdentados e mal-educados torcedores brasileiros. Confesso que só me arrisquei a ler pelo título (veja no fim desta publicação) mas, muito brevemente, as coisas voltaram a significar o nada, que engoliu tudo no futebol. Quem seriam as novidades da seleção do Brow Menezes? Lucas, Ganso e Neymar! Faz-me-rir! Renovação interna apenas, sempre com os de dentro do "clubinho dos mesmos". Essa máxima que vai deixar o futebol cada vez menos diversificado, com menos clubes (marcas), jogadores (produtos), porém cada vez mais torcidas (consumidores). Aliás, a Libertadores corre, a passos largos, para a mesma configuração sem graça e rentosa do Velho espelho europeu. O Brasileirasso idem: serão sempre os mesmos times e jogadores a se destacar e, se por milagre, algum novo aparecer, logo será tragado por esta força magnética, cheirando a "verdinhas", para então ganhar a velha nova cara de sempre. O tal de Eder Luis, masturbado na ridícula festinha de fim de ano da CBF, mal conseguia ficar de pé no primeiro jogo do Vasco da Gama este ano. Constrangedor. Esse talvez não consiga entrar no clube, tadinho. Quem vai comprar a camiseta dele, afinal, se o player não consegue manter o nível de enganação que cozinharam para ele? Sem problemas. A máquina santista está aí, e dela, certamente, sairão muitos bonequinhos, prontos para se ajoelharem para qualquer um que lhes garanta um "futuro melhor". E você, hincha de Brasil, se prepare: a volta de Southern Ronaldo já está mesmo concretizada - claro que independente de seu futebol. Essa notícia eu simplesmente adorei desde seu início, quando o tal de Messi fodeu a nikerinho ano passado. Não vejo a hora de me deparar com outro sorriso derrotado, cheio de dentes deste grande gerente do clube. Um clube inteligente, sem dúvidas, do ponto de vista financeiro: melhor cuidar de dois clientes com bilhões na conta, do que mil com 1 realzinho nela, concordam? É o mesmo princípio que fez com que o "país do futebol" ficasse a mercê de uma só emissora de televisão (quem advinhar qual ganha um doce do titio aqui) para assistir a Copa do Mundo. Seduz, controla e gira capital e as novas e ocas emoções. Assim segue o futebol.

http://www1.folha.uol.com.br/esporte/892050-precisamos-achar-mais-protagonistas-para-a-selecao-diz-mano.shtml

3 comentários:

  1. Burro que sou, assisti ao jogo do Tottenham contra o Milan pela (falecida) Champions League. Nesta peleja, os narradores insistiam em dizer que o volante do time inglês havia feito uma "grande partida", se derretiam em elogios, e o cara estava tão discreto em campo que eu sequer consegui decorar o nome dele (Osmar, Sérgio, Ricardo, Luciano, Eriberto, sei lá). Depois, só depois, entendi o porquê daquela gritaria: é por conta do sujeito ter sido convocado para a seleção do Mano, ser uma das "descobertas" do treinador para a tal "renovação", e os comentaristas já vinham preparados para olhar de maneira diferente ao jogador. O que vai acontecer? Ele logo estará no "clubinho" dos times grandes, destino usual de quem adentra a máfia amarela da Nike e da CBF, para logo depois irem atrás de algum outro disposto a vender os culhões.

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  2. bureta, estou aqui com o VT completinho de liverpool e arsenal, decidindo o campeonato de 89. mano, agente ja sabe e tal, mas o futebol acabou. com esse VT em maos eu aposto meu rabo à chute q nenhum (nao só o tal eriberto carlos da silva ai) jogador desse "jogo"jogou mais do q qualquer um dos 22 de 89. tadinho do futebol. eu nao sabia se ficava aliviado por ter tanta certeza de estar certo nas escolhas, se chorava de tesao pelo futebol alucnante q estava vendo ou esfregava esse VT na cara do neymar pra ele ficar com medinho. urra à tony adams!

    realmente bury, q faz ainda em perder tempo ligando em jogos de europa? nao perca LDU x penarol, naos ei direito quando vais er. esse vais air sangue!

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  3. Esses dias vi um jogo da Libertadores (pena que não guardei o nome dos times, hehehe - o futebol moderno me deixa com vácuos cerebrais) que me lembrou a final do Brasileiro de 90: jogo pegado, sem frescura, veloz, com os dois times preocupados em atacar, em agredir o adversário, em suma, em VENCER. Há comparação com o "Paulistáo", torneio no qual os times são moles, os jogadores parecem nutrir qualquer interesse menos o de estar ali, no qual os atletas não estão interessados em produzir nada e sim em se livrar da bola o quanto antes, em seguidos e seguidos espetáculos de horrores? E o "Brasileiráo" vem aí, socorro...

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