segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Come mortadela e arrota salmão

Dentro da covarde idéia ilusionista pregada pelo futebol moderno, um de seus capítulos mais rasteiros têm sido escrito agora: alguns "articulistas" (Neto à frente, seguido de entulhos como Celso Cardoso) estão tentando incutir em nossas mentes que Luan, do Palmeiras, na realidade não é um clamoroso perna-de-pau, e é sim atleta a ser considerado, pois demonstra utilidade graças a sua "consciência tática" (qual?). Luan é, disparado, um dos casos mais grotescos do futebol atual, um atacante que sequer possui discernimento em relação à melhor maneira de ficar em pé, uma das maiores indignidades com a camisa verde em toda a sua história. Nos tentarem transmitir a idéia de que não, não estamos vendo um anti-futebolista paquidérmico e despido de qualquer condição técnica, e sim alguém que realmente possui valor e que sua condição de titular do clube é merecida, é mostrar (mais uma vez...) que encaram o espectador como um nada desprovido de qualquer capacidade de percepção e entendimento, é querer transformá-lo em um ruminante pronto a fazer outra refeição de capim. Buscar cavucar a estranhíssima história desse sujeito, que foi contratado por 7 milhões (!) de euros pelo Palestra mesmo, repito, tendo enorme dificuldade com o básico mecanismo que faz um ser humano ficar em pé, é algo que não passa pela cabeça dos tais "analistas" - afinal, isso pode representar um passo ambicioso demais para quem se refestela apenas com o superficial e com a mistificação corporativista/publicitária.

Nos últimos jogos do Palmeiras contra o Vasco, procurei observar a diferença reinante entre os noviços e Juninho Pernambucano. Deu pena, na boa. Observava Luan, entre as trombadas e sua falta de categoria usuais, que não lhe permitem sequer completar um lance sem atropelos, e o 8 cruz-maltino, que não errava passes e lançamentos para qualquer distância do campo e que não dispendia nenhum esforço adicional para que sua categoria fosse aviltantemente superior à de todos que ali estavam, e me sobrevinha uma incontrolável vontade de chorar. Quando estabeleceu-se a mim que dois dos paradigmas do futebol ali estavam, Juninho, meio-campista de classe pertencente a uma geração anterior (e nem tão distante em relação aos anos, mas já tremendamente ultrapassada em se tratando de propósitos), e Luan, desgraça que sequer poderia ter sido aprovada em uma peneira mas que ali estava vestido a camisa de um grande brasileiro (e como titular!) graças a algum nebuloso trabalho de bastidores, surge o lance capital: o vascaíno aplica um tranqüilo chapéu justo no "ponta" palmeirense. Então a ficha caiu, já que, se não havia a menor possibilidade de se concretizar um "choque entre gerações" ali, era porque o real embate naquele pedaço do campo, e que resultou no calmo lençol, era o futebol versus o anti-futebol - e o primeiro sempre sairia vencedor, não importa a quantidade de euros, não importa a cor da chuteira. Juninho está prestes a aposentar-se sem gerar sucessores, e tipos como Luan são a maioria populacional do decaído "Brasileirão". O campeonato não poderia ter um velório mais condizente.

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