quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A quem interessar possa

Outro dia, falei aqui desse previsível fenômeno que acontece toda vez que Ronaldinho Gaúcho "joga bem": as pessoas que trabalham com futebol imediatamente colocam o sujeito em um pedestal inversamente proporcional à sua disposição em campo; tratam do rapaz como se fosse um divindade mesmo que não tenha feito nada minimamente próximo ao divino - e eis aí o problema: se acreditam que Ronaldinho produz milagres, é, antes de tudo, porque QUEREM acreditar nisso, já acreditam desta maneira automaticamente, antes mesmo de qualquer acontecimento, e não abrem mão da prerrogativa. Em suas cabeças moldadas pela publicidade, o que advém dos pés do 10 rubro-negro é sempre digno de espasmos e reverência, pois assim está incutido em seus subconscientes, ditado diretamente pelo "Grande Irmão", o príncipe eletrônico que guia suas vontades. Não há espaço para questionamentos: assim é, assim deve ser feito, e pronto. Difícil lutar contra o que "especialistas" e "analistas isentos", essas vozes justas e respeitáveis, lhes injetaram na mente como dogmas inflexíveis, não é?

Agora, Ronaldinho é tido como "um dos destaques do Brasileirão", graças a alguns jogos que "decidiu". Um cruzamento feito de forma correta, se executado por ele, é "decisão de partida". Suas 10 presenças apagadas são deletadas, passam a não existir mais, em troca do auê ensurdecedor criado a partir daquela única bem disputada. "Ele recuperou a alegria de jogar", dizem. Adentramos em um território ainda mais próximo ao da lavagem cerebral quando Galvão Bueno diz, na transmissão do jogo do Flamengo, que o craque deve ser convocado para a seleção brasileira novamente. Mobilização geral: Bueno dá a ordem, seus cordeiros obedecem, e a discussão passa a ser quando Mano dará outra chance a esse "gênio". A desonestidade dá o tom dessa história porque: 1) estamos falando aqui de um campeonato no qual um inacreditável encosto como Luan é titular de um de seus principais times (e bem cotado na tabela da Bola de Prata da Placar, confiram tal hilaridade no site da revista); e 2) temos alguém alçado a patamares de "gênio" porque bate pênaltis e dá "cruzamentos decisivos". A nós, do Antimídia, tais parâmetros são muito pobrinhos. Sorry, folks, mas resistimos a cair nessa arapuca.

(Para terminar, preciso compartilhar com alguém o que escutei na transmissão de domingo: Luciano do Valle disse que o Flamengo, que ganhava por 2 a 0, deveria tomar cuidado, porque o Figueirense é "um timaço". Sim, repito: ele disse que o Figueirense é "um timaço". Sem mais.)

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