terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ronald Golias não faria melhor

Dizia aí embaixo que os exemplos sempre frutificam - sejam eles bons ou ruins. Pois retomo o assunto para, primeiro, tentar entender o porquê de esse jornalismo esportivo global de tendência engraçadinha ter tornado-se padrão também para as submissas e pouco criativas outras emissoras, tanto de TV aberta quanto da paga. Será que só eu considero algo totalmente descabido e vergonhoso um sujeito como Tadeu Schmidt tornar-se referência daquilo que é feito na principal das mídias? Seu quadro no Fantástico é absolutamente constrangedor, suas piadinhas e trocadilhos são lamentáveis e em nada acrescentam de útil ao que é mostrado, seu timing, inexistente... Apenas sua cara de "bom sujeito" (como diz uma definição em sua "biografia", essa sim hilária, que encontrei aqui na Net) representa bem o que a rede do Jardim Botânico carioca reserva para quem a assiste, qualquer seja o horário ou o programa: informação asséptica, limpa como paredes de fast food, com a adição do molho especial (nesse caso, os inserts piadísticos de Schmidt) para complementar, com um pretenso toque de "personalidade" e "descontração", o recheio com gosto de nada do sanduba made in Globo. Assim, muitos telespectadores acham bonito mandar um vídeo para o tal Bola Cheia/Bola Murcha, pois sentem-se à vontade com o estilo "vizinho gente boa" do figura, e, ao mesmo tempo em que deliciam-se por serem alvo das chacotas estéreis ou dos elogios meia-bomba do apresentador, aliviam sua vontade de participar da máquina de fazer sonhos, nessa espécie de reality-show dos pernas-de-pau. É o mundinho das novelas, dos Big Brothers e das celebridades automáticas recriado dentro do futebol. Sintomático, não?

Se fosse só isso já seria ruim - mas o padrão "humorístico" alastrou-se não só no resto da programação do canal como chegou para nos atazanar em outros lugares também. Excrescências como o Globo Esporte e o patético É Gol, da SporTV, seguem à risca esse estilinho "moderno" de Tadeu Schmidt: apresentadores jovens e dinâmicos, com roupinhas da moda de cores chamativas e largos sorrisos a estamparem-lhe as faces, e que sempre possuem uma piadinha ou uma observação sagaz para fazer do jogo ou de um de seus lance, assim que estes surjam no VT. Pode reparar: é impressionante não só a quantidade de frases "espertinhas" que os narradores lançam mão, mas também a sua irrefreável pretensão de ser o tempo todo mais inteligente, mais "descolado", mais sagaz e analítico que o próprio espectador. A maçaroca de informação (palavra+imagem) por si mesma já serviria para confundir a capacidade de percepção daqueles que a recebem; os textos com fundo "humorístico", por sua vez, servem para deixá-lo ainda mais inerte em sua condição de receptor, pois o que é mostrado é desqualificado a priori pelo próprio agente da notícia como algo que não se deve levar a sério. Assim eles se colocam acima da gente, através das piadas; já que praticamente esfregam em nossos focinhos que aquilo que assistimos não passa de uma brincadeirinha para quem nos "informa". Portanto, quem ri com as provocações anti-argentinas de Thiago Leifert entra, sem se dar conta, nesse perverso jogo de manipulação e servilismo - e o preço a se pagar, acredite, não tem a mínima graça.

Um comentário:

  1. Direito de resposta concebido ao big cryer's brother: 'ihh, olha lá o bury, ficou nervoso! escreveu um texto, aí... ihhhh rapaz, coitado, vai me criticar? não faz isso, pobrezinho do blogui, pô, um blogui tão bonito, vai estragar a festa, ó!... ihhhhh não deu, né? ah, mas tanto faz, me passa ai de novo o replay do texto, ó. ihhhhhhhh fudeu!"

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