sábado, 4 de julho de 2009

Passa a salada!

Retornando aos tempos em que a bola valia, o que teria acontecido? Como fomos parar aqui? O que pensaria Bill Shankly se estivesse vivo hoje? Me peguei rememorando os dias do início do fim. E lembro muito bem da noite em que Ronaldo fez os três gols na vitória por 3 a 2 contra o forte Valência, em Nou Camp. Transmissão da Bandeirantes, no horário da tarde aqui, se não me engano (porque, as vezes, a Band não transmitia ao vivo), e a noite vieram uns primos pra jantar em casa. De cara, surgiu o assunto da atuação do menino. Beleza. Como a maioria das famílias, a minha é infestada de gente que adora e vive o futebol. Muitos de longuíssima data. Uma estória melhor do que a outra. Até aquele momento, eu não tinha tido esse contato tão de perto com o prenuncio da morte do futebol. E foi real. Por parte da mídia, àquela altura dos acontecimentos, a babação de ovo injustificável já era insuportável. Mas a parada foi pessoal naquela noite inocente. Meu primo me pegou pra conversar e já lascou: “Veio, e o que o Ronaldinho jogou hoje, blá, blá, blá, blá?”. Pela primeira vez eu sabia que o veneno funcionava. Não exatamente pelo jogo do Valência. Mas aquele mesmo primo, um ano antes, não saberia me dizer quem era Pepe Signori – o gênio. Era o veneno. Eu lembro certinho da minha reação, e foi toda tão natural quanto estranha. Eu fechei os olhos, inclinei a cabeça pro alto, respirando bem fundo, fazendo barulho até. Foi uma reação imediata, eu mesmo não consigo lembrar porque. Sei que foi a primeira vez que eu ouvia o som do veneno. Foi foda. Abri os olhos e perguntei, com uma misto de medo da resposta que se apresentaria, e sarcasmo porque já tinha odiado o assunto pela sua óbvia falta de sentido. Eu gostava do Giovanni, do Stoichkov, do Luiz Henrique, Do Figo, Do Popescu, Do Sergi, Do Guardiola. E quando o menino fazia um gol, alguns belíssimos, mas a maioria como um bom atacante o faz, era legal. Mas eu já tava com saco inchado de ver jogador como aquele, e nunca tinha visto badalação igual no mundo. Nem com Romário. Mas no Jornal Nacional daquela noite, uma matéria exclusiva sobre a atuação do Fenômeno – “o substituo de Maradona?”, segundo a Placar, na época. Matéria global, meu povo. Foi cruel. Mas acontecia, e eu já percebia que o negócio ia pro buraco, em breve. A opinião pública deveria, como sempre, sustentar essa guerrinha oculta. Ela é sinal da morte que não se vê. Como uma criança que alimenta os pombos na praça.

Bury, não adianta. Vou apenas vomitar algumas das faces. Não tenho saco pra analisar situações atuais no mundo das fábulas. Se alguma coisa merecer, vou falar. Ainda bem que lá vem Juve! Ser torcedor é a última coisa que ainda vale.

Um comentário:

  1. Sem erro, velho. Deixa que eu faço comentários sobre esse mundinho podre de agora - afinal, eu sou BURROOOOOOOOOOOOO e ainda acompanho o que acontece, mais para ficar nervoso do que para me informar. Continue assim que tá do caralho.

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